31 março 2009

PARA QUEM DESEJA SABER SOBRE O CAMINHO


Este texto foi publicado originalmente em setembro de 2005 no site do Caio; foi colocado aqui por expressar o pensamento sobre o pastorado e a vivência comunitária no Caminho da Graça.


----- Original Message -----
From: A TODOS OS QUE QUEREM UMA ESTAÇÃO DO CAMINHO...
To: contato@caiofabio.com Sent: Monday, September 19, 2005 2:59 PM
Subject: O desabafo de uma alma!


Amado amigo Caio,


Me desculpe chamá-lo assim, sendo que ainda não o conheço pessoalmente, mas é assim que sinto você! Graça é apenas o que peço ao Pai sobre sua vida! Que você esteja bem... e do mesmo modo toda sua família!


Já há algum tempo tenho lhe escrito a respeito do desejo de ter entre nós uma "Estação do Caminho". Falei da minha decepção com a igreja e com o ministério, pelo menos na forma como hoje são concebidos. Trocamos algumas palavras... e você - sempre muito atencioso - sugeriu que iniciássemos algo aqui.


Caio, tenho buscado crescer no conhecimento da Graça, e isto de forma existencial e vivencial. A cada dia busco compreender melhor a dinâmica desta Graça em minha vida, e na vida daqueles que estão comigo... Confesso que fazendo isso... me vejo numa situação existencial onde "já não sou mais eu quem vive, mas Cristo vive em mim". E é este fato-existencial que às vezes me deixa angustiado.


Sei que "sou Nele algo que ainda não vejo em mim"! É esta tensão de ver que em minha vida ainda reside tanta coisa errada... que me deixa louco. Sabe?! (choro...) Tudo isto me faz sentir "desqualificado" como pastor (não vejo que ser pastor seja ocupar um cargo - abomino o clericalismo evangélico-farisaico), e também como pessoa capaz de falar algo sobre a vivência da fé. Me sinto um homem fraco, com muitas falhas... um não-merecedor de estar numa posição que muitos me colocam, ou desejariam que eu estivesse.


Falo isso, pois algumas pessoas sempre me pedem para as orientar..., pastorear..., pregar..., ensinar... Mas na verdade, sinto que sou eu quem precisa de orientação e pastoreio. Não sei se consegui exprimir de forma clara a situação de minha alma... Estou em luta comigo mesmo! Bom... nesses dias passados tenho acompanhado o site, e me senti indignado com as coisas que li. Meu Deus! Onde vamos parar com toda essa loucura! Caio, o que andam fazendo com a Boa Palavra?! (ahh... fiquei sabendo que este insano Nabucoterranova estará pregando numa conferência aqui em BH. Fico imaginando que loucuras serão propagadas por aqui).


Sabe irmão?! Louvo a Deus por tua vida e por este site... pois ele tem sido um porto seguro para muitos irmãos e irmãs que já andam desesperançados com a igreja - "sou um dentre estes muitos". Na verdade, chutei o balde... o pau da barraca... e tudo aquilo que expresse a mediocridade desta fé chamada "evangélica". Já não quero ser evangélico! É feio! É triste!...


Diante de tudo isso... estou perdido, amigo! Não sei como fazer o que deve ser feito. Não sei para onde ir. Não sei com quem estar... Apenas sinto que algo tenho a fazer... mas não sei como, e nem me sinto a altura. Andam fazendo muita loucura em nome de Deus... e com isso, são muitas as pessoas que andam doentes e sem saber o que fazer. São ovelhas que andam sem aprisco e pastor.


Amigo Caio, Jeremias é meu profeta preferido. Um homem de carne-e-osso-cheio-de-Deus! Me identifico existencialmente com Jeremias em muitos sentidos. Vejo que o tempo de hoje é similar à situação vivencial de Jeremias. Um povo – amado-de-Deus – que se afastou da Graça revelada na Aliança e que assim, andou pelos caminhos tortuosos da “des-graça”. Jeremias foi boca de Deus em meio a pessoas que já não desejavam mais ouvir falar da Boa Palavra. Ele foi um homem que sofreu com isso... posto que sabia aquilo que Deus iria fazer, e sabia daquilo que ele, como profeta, deveria fazer.


É assim que me sinto! Me ajude...! Fico no aguardo! Um beijo carinhoso!


"Agnus Dei qui tollis peccata mundi"


WPastor XDF
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Resposta:

Meu amigo querido: Graça e Paz!



Primeiro sobre a “tensão” de já ser, e, ainda não; devo dizer que é nesse paradoxo que a fé avança. Sim, perfeito em Cristo que são em si mesmos ainda imperfeitos. E é nessa tensão que viveremos até que este “corpo de morte seja absorvido pela imortalidade”. Mas o problema não é esse. De fato é nessa tensão, nesse paradoxo, que a fé pode ser fé; crescendo em graça, com humildade; e sempre se gloriando nas fraquezas, pois, quando se é fraco é que se é forte.


O problema é que você já entendeu a “doutrina da graça”, mas ainda não desistiu de suas “justiças próprias”, as quais, em sua carta, se expressaram em coisas como: “não me sinto qualificado para ser pastor...”; “não me vejo merecedor de estar na posição que me colocaram...”; e outras filigranas do gênero.


Assim, o que vejo daqui, é um homem que já sabe o que não é vida com Jesus; já sabe o que é a promessa da fé conforme a Graça; mas que ainda sente emocionalmente as coisas com as categorias de “um Jesus segundo a carne”; e de um Jesus segundo as importâncias da religião.
Sim, é um sentir. E renitente é esse sentir. Depois falarei mais dele.



Você disse que odeia o clericalismo, ao mesmo tempo em que busca uma qualificação especial para ser “pastor”. Digo pastor com aspas porque pastor sem aspas não é uma posição, nem é algo para o que as pessoas possam nos alçar; mas sim, é um dom do Espírito, o qual não é um título, sendo antes um modo de ver, sentir, discernir, amar, cuidar e se dar ao próximo.


Quem quer que tenha tal alma, esse é pastor. Assim, meu irmão, você ainda está lotado do clericalismo, pode até não ser do tipo “evangélico”, mas é ainda clericalismo.


E é aí que a coisa do Caminho da Graça pega.


Digo isto porque no Caminho tem-se um mínimo necessário de organização, buscamos o máximo de organicidade, não temos hierarquias espirituais, ninguém é maior por tempo de casa, nem por ordem de chegada, e nem por qualquer outra razão. Lá também só é pastor quem é pastor.
Estimula-se a pratica do dom do Espírito que há em cada um. Há uma liderança, mas apenas para fins funcionais. Todavia, qualquer um pode ser chamado para qualquer coisa, de acordo com seu dom.



Portanto, no Caminho não há uma qualificação especial para pastor, visto que ser pastor já é a qualificação.


Quanto ao que Paulo diz acerca dos líderes, a ênfase é em lucidez, sensatez e sobriedade. E, para aqueles que ministram a Palavra publicamente, que sejam aptos para ensinar. Esses, todavia, devem ser alvos espirituais de cada discípulo de Jesus, e não apenas que aparecem publicamente. Então, meu irmão, essa tensão está assim tão tensa em você, apenas porque você ainda não desistiu por completo de seu pedigree-de-justiça-própria-pastoral, embora, em sua mente, isto já esteja resolvido.


As emoções, porém, andam sempre meio devagar. Faça de seu "Agnus Dei qui tollis peccata mundi" uma realidade existencial para você; pois, de fato, Ele tira o pecado do mundo. O verbo tirar no texto original significa um ato contínuo; ou seja: Ele tirou, tira e tirará. Portanto, descanse nessa certeza em fé. Esta é a sua qualificação!


Sobre Jeremias, que bom! Sim, porque Jeremias podia ser depressivo, porém, em sua justificada depressividade—afinal, ele via o presente caótico e o futuro catastrófico—, ele era um ser pró-ativo; e que mesmo gemendo, não deixava de fazer exatamente o que Deus lhe mandava fazer. Além disso, ele era um profeta das coisas simples que carregavam grandes significados. Em Jeremias a dor é justificada, e, além disso, nunca o paralisa; pelo contrário, o põe sempre em ação.


Quanto a uma Estação do Caminho da Graça aí em sua cidade, quero dizer a você e todos os que lerem esta carta, e que sintam o mesmo desejo que você, o seguinte: Há quase uma centena de solicitações para que comecemos Estações do Caminho em vários lugares do Brasil. Além disso, já há centenas de pequenos grupos de pessoas se reunindo em torno das questões propostas pelo site.


Portanto, diante disso tudo, decidimos realizar em Brasília um encontro para todos esses que estejam interessados; os quais, além de desejo, devem também já estar em ação relacional com outros irmãos. Em novembro teremos um encontro para todos os que desejam ver uma Estação do Caminho em suas cidades! E como eu não estarei presente a não ser em Brasília e Manaus, teremos um sistema de vídeo conferencia ajudando a manter a unidade de consciência em todas as Estações que forem abertas.


Além disso, há muitos em outros países desejando a mesma coisa — comunidades de Brasileiros nos Estados Unidos (TEMOS MUITAS PESSOAS LIGANDO DE DIVERSAS PARTES DOS ESTADOS UNIDOS), na Inglaterra, na Alemanha e em Portugal, onde a maioria dos interessados são portugueses.


Desse modo, se você deseja se envolver com a caminhada no Caminho da Graça, prepare-se para vir ao encontro de novembro. Em mais uma semana as informações estarão no site. Aguarde.


Concluindo, eu lhe digo: tome a decisão de descansar mesmo, de não se ver como um sacerdote da religião, de não aceitar o engano de que o título de pastor é que faz um pastor, e de buscar uma qualificação “especial”; posto que na Graça o especial de vida é que deve ser o comum para todos: Cristo tira o pecado do mundo.


Há uma coisa que deveria ser pejorativamente chamada de “espírito de pastor”, e essa tal coisa é uma casta psicológica difícil de deixar a gente. O fato é que há muita gente “possessa desse espírito”, o qual tira da pessoa a possibilidade de ser ela mesma, fazendo dela um clone psicológico de um modo de sentir completamente artificial, e sem espontaneidade humana com os outros e com a própria pessoa.


Leia no site os textos “TO BE OR NOT TO BE”: NÃO É A QUESTÃO!; e também “POR QUÊ SERÁ QUE VOCÊ CONFESSA A JESUS E CONTINUA SEM DEUS?”


Receba meu carinho, e minha esperança de que caminhemos juntos no Caminho da Graça, seja na vivencia de uma Estação do Caminho, seja na espontaneidade da vida, tome ela os contornos que tomar, desde que sejam em Cristo.


Nele, Que é o Caminho, a Verdade e a Vida, e em Quem “Caminho” é apenas o nome da jornada de fé,


Caio

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----- Original Message -----
From: To: Caio Fabio Sent: Thursday, September 22, 2005 2:00 PM
Subject: Uma resposta...

Querido amigo, Caio: Graça e paz!



Muito obrigado pela resposta!


Tuas palavras me fizeram refletir.


Li e reli o texto buscando compreender o “espírito” do que você expressou.


Você me fez perceber aqueles “detalhes insignificantes” que eu jamais enxergaria em minha vida.


Acho que me acostumei com as sombras das coisas (como no Mito da Caverna), e assim, não me esforçava mais para ver que “as sombras não eram as próprias coisas”.


Hoje, com a tua ajuda, posso afirmar que consigo contemplar “melhor” a própria realidade da minha vida-vocação.


Na carta que te escrevi, afirmo: “abomino o clericalismo evangélico-farisaico”. Isto é de fato uma verdade... Mas você me respondeu: “você ainda está lotado do clericalismo”.


Num primeiro momento fiquei chateado com sua colocação, pois não me enxergava assim. Me senti confrontado... E confesso que doeu muito. Foi como ser tocado numa ferida escondida – camuflada para que ninguém a percebesse. Mas logo depois, caí na real.


É isso mesmo! Estou lotado do clericalismo, e não percebia! Me acostumei a ver “as sombras projetadas no fundo da caverna”, e a achar que as mesmas, representavam a única realidade possível. Oh, meu amigo... como é duro perceber que estamos lotados deste “espírito de pastor” – desta casta terrível que nos aprisiona. É... o título não é nada! Foi ele que me ofuscou a visão, e assim, não conseguia reconhecer o que “eu realmente sou-sendo”.


Hoje, passei a entender que é preciso cultivar a consciência de ser “um ser-desnecessário” (como diz Eugene Peterson em seu livro “O pastor desnecessário”), pois somente assim me verei livre da presunção do ter “pedigree-de-justiça-própria-pastoral”. Foi a jactância deste pedigree – como você mesmo afirmou – que me fez ver “as coisas com as categorias de ‘um Jesus segundo a carne’; e de um Jesus segundo as importâncias da religião”.


Diante disso, apenas posso dizer: Muito obrigado, meu amigo!


Agora, quero apenas “descansar em fé, na certeza de que Nele, sou-serei aquilo que Ele, na eternidade, designou”. E está minha certeza, se transforma em “fé grata”!


Ontem, quando voltava do trabalho – ali de pé, no metrô –, relembrei uma das aulas que dei no seminário.


A temática da aula foi: “Transcendendo o clericalismo”.


Poxa! Por um momento me senti um hipócrita por falar de coisas que ainda não vivia em consciência existencial.


Sempre ensinei que ser igreja na essência, é ser um lugar-existencial onde não há leigos nem clero, há apenas laos – o povo de Deus. Visto que em Cristo somos uma “geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus”, comissionados para anunciar “as Boas Novas”.


Sendo assim, a igreja não tem ministros especializados-qualificados para o ministério; posto que a igreja “é o ministério, o ministério de Deus; e ela não tem uma missão; ela é uma missão”. São estas mesmas palavras, que hoje, retornam para mim tendo um profundo sentido profético-existencial. E é diante delas, e de tudo o que você escreveu, que me vejo conclamado a, perante Deus, rejeitar este “pedigree pastoral” para apenas “ser-sendo”, em fé, conforme acontecem os desdobramentos vida no Caminho.


Bom... e sobre a “Estação do Caminho” estarei me preparando para este encontro. Até lá, seguirei bebendo deste poço-site!


Um grande abraço de um homem que você ajudou a se ver melhor! Que assim seja!


Nele, que ilumina a todo ser a fim de revelar o verdadeiro sentido da vida e das coisas!


"Agnus Dei qui tollis peccata mundi"
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resposta:


Meu querido amigo: Graça e Paz!


As palavras ditas com amor, por vezes parecem ferir; elas, porém, já trazem com elas mesmas a própria cura.


Por isto, mesmo sabendo que você talvez se assustasse “na chagada”, não tive nenhum temor quanto a dizer o que disse.


Eu era apenas um menino amante de Jesus. Pregava em toda parte. Não queria ser pastor e nem ordenado. Desejava apenas pregar, e pregava. Pregava na televisão, na rádio, nas esquinas, nas escolas, nas praças, nos teatros, nos estádios, e de casa em casa. Eu tinha apenas 18 anos e meio.


Aos 21 me ordenaram, sem que eu aceitasse as imposições da denominação para ordenar ministros. Então, logo começaram a me chamar de “Reverendo”. Aquele garoto livre, agora, de súbito, da noite para o dia, era o “Reverendo Caio”. Aí o tratamento passa a mudar.


O melhor lugar na casa, na mesa, na sala, no salão, no aniversário, no funeral, nas festas de casamento, nas bodas, etc... No entanto, é também nessa “mesma leva de honras”, que a pessoa começa a sentir que quando ela chega, as energias mudam.


As pessoas começam a ver o “sacerdote”, o homem diferente dos homens, o santo, o ungido do Senhor, o anjo da igreja, etc...; e também percebe que as pessoas mudam com você; e não percebe, que depois de um tempo, muito suave e lentamente, você também aceita a mudança que fizeram acerca de você. Ora, é aí que nasce o “espírito de pastor”!


Então, começa a transformação do ser humano numa figura totêmica. Ele é santo pelos outros; é puro pelos demais; é quem não se diverte pelos que se divertem; é quem não fica doente, pra poder curar; é quem “estuda Deus” e “entende de Deus”, a fim de poder explicar; e é quem é exemplo para fazer clones comunitários.


Se ele não casa os que se casam, eles se ressentem e magoam. Se ele está viajando quando alguém morre, ele abandonou o moribundo. Se ele está de férias, a igreja esvazia. Se ele é amoroso, torna-se o pai de todos. Ou seja: sem ele, nada do que foi feito de fez ou se faz!


Vivendo sob tais responsabilidades e honras, o indivíduo vai virando pajé e não sente. Ou, em muitas ocasiões, passa a gostar mesmo de ser essa figura totêmica para a “igreja”. Ora, é nesta necessidade que o povo tem de ter “sacerdotes” e “figuras totêmicas”, que tanto os bem intencionados se corrompem existencialmente pela via da entrega ao “espírito de pastor”; como também os mal-intencionados se aproveitam e tiram as carnes do rebanho.


De fato, o ministério pastoral, ou episcopal, ou apostólico, ou de qualquer outra natureza —, já carregam em si o germe do poder desse imantamento espiritual. As pessoa olham para qualquer desses “seres” — “ungidos” formalmente para tais posições —, como “ungidos do Senhor”; aqueles contra os quais não se pode ter uma opinião, pois, em assim sendo, Deus mesmo punirá os “rebeldes”, ou “hereges”, ou “desviados”. Imagine quanto poder isto significa! Ali está um homem que é visto como “o homem de Deus” no meio dos demais homens “normais”, e, de tal projeção, pode nascer apenas o “pastor clerical”, como também pode nascer o “Apóstolo Nabuco”: uma espécie de “Pai Abraão” evangélico!


Eu tenho por certo que todos os modos de clericalismo são malignos em relação a saúde do indivíduo que carrega o peso totêmico dessa “posição”.


Também tenho convicção de que eles também criam a força pela qual o totem não muda para não morrer; e, porque ele não muda, as pessoas morrem porque ficam paralisadas, incapazes de viver. É maligno o ciclo!



Por esta razão tenho a mesma convicção no que diz respeito à comunidade. Sim, porque enquanto ela vê o líder com tais olhos, ela não cresce; ao contrário, se infantiliza; e jamais aprende a andar com as próprias pernas.


Ora, o verdadeiro pastor cuida, não domina; ajuda, não controla; alimenta, não explora; só se faz notado em caso absolutamente necessário; e deixa a porta aberta, de tal modo que todos entram e saem e acham pastagem.


Além disso, ele tem uma relação pessoal com cada um delas.



A analogia do Bom Pastor em João 10, todavia, é perfeita no seu todo apenas em relação a Jesus, e a mais ninguém. Isto porque em relação a Jesus todos nós somos apenas ovelhas do rebanho.
Porém, em relação a nenhum “outro pastor”, nós devemos ser “ovelhas do rebanho”; posto que ser ovelha de Jesus já nos põe na condição de só ouvir a voz de um homem se ela for de acordo com a Voz do Único Pastor; do contrário, a ordem de Jesus é para não “seguir a voz do estranho”.


Portanto, o verdadeiro pastor de homens, é apenas um deles. Sim, apenas mais um do rebanho único, sendo apenas uma ovelha que já se deixou ensinar um pouco mais pela voz do Único Pastor. É na Sua fidelidade e reconhecimento à Voz do Pastor que ele se qualifica para ser pastor entre ovelhas, pois, conforme Pedro, ele se torna “modelo do rebanho”.


Assim, é o caminho da ovelha seguindo o Pastor, o que a torna uma ovelha-pastor; visto que seu passo e obediência estabelecem referencia para as demais. O problema é que maioria dos “pastores” pensam que eles são os “Jesuses” da comunidade; e, diferentemente de Jesus, tornam-se nos mercenários e nos lobos que não amam as ovelhas, mas apenas os privilégios e poderes que dela “arrancam”.


E o problema também é que a “igreja”, por ser pagã ainda em sua essência, precisa desses “pastores tiranos”, pois, como associam a “figura clerical” ao “representante de Deus”, sentem-se objeticamente mais seguras se têm um Déspota dizendo o que fazer, o que não fazer, com quem casar ou não, e quem é quem. Eu jamais chegaria a nenhum desses extremos pela minha própria natureza e consciência do Evangelho. Todavia, eu mesmo fui notando como eu fui suave e gradativamente mudando, sempre de modo amoroso e meigo, porém, imantadamente reverendíssimo.


“Não é assim entre vós!”—disse Jesus!


Foi por esta razão que Jesus tirou as roupas de cima e se cingiu de uma toalha e passou a lavar os pés dos discípulos. Sim, porque liderar é sobretudo poder lavar pés e servir em nudez. Na realidade, além de tudo o que o gesto de Jesus ensina, nele também vemos o modelo existencial do significado da liderança conforme Jesus, e, também, da consciência que precisam aprender os liderados. O líder serve em revelação de sua humanidade. E os liderados são servidos aceitando a humanidade de quem lidera servindo de modo humano. E Jesus disse a Pedro que ou seria assim, ou Pedro não teria parte com Ele! Somente quando os líderes tiverem a coragem de fazer como Paulo e Barnabé, que rasgaram as roupas e expuseram sua nudez quando foram chamados de “deuses”, é que aqueles que crerem no que as lideranças disserem, não ficarão ainda mais adoecidas de idolatria.



Hoje é contrário: os líderes fazem tudo para passar por deuses; e, o povo, vai adoecendo, apenas trocando de “pai-de-santo”; ou de pajé; ou de sacerdote; —porém existindo sob a escravidão da espiritualidade da idolatria; adorando e servindo a criatura, mesmo que se vistam de pastores, bispos, apóstolos ou pai-póstolos.



No Caminho nós temos buscado diante de Deus e conforme o Evangelho, quebrar todos esses paradigmas totêmicos.



Receba meu beijo; e minha expectativa de abraçá-lo no encontro de novembro.



Nele, em Quem todos sabemos como ser para nós e para os outros,


Caio

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