02 abril 2009

O CAMINHO É UMA PESSOA (E NÓS SOMOS SEUS DISCÍPULOS)

Os textos que se seguem, e outros que serão acrescentados posteriormente, foram extraídos do site do Caio (http://www.caiofabio.com/) e dos blogs do Caminho da Graça.

São alguns textos básicos que eu reuní aqui apenas para que você tivesse, num só lugar, uma idéia também básica sobre o Caminho da Graça. Para uma compreensão mais ampla, leia todo o Novo Testamento, e também todo o conteúdo do site e dos blogs.

O Caminho da Graça não é uma denominação religiosa ou instituição, mas uma pessoa e o seu nome é Jesus!

Nós somos discípulos dele e mensageiros das boas novas de que "Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos homens". A Graça e o Amor são nossa mensagem e nossa vida!

Boa leitura! Oro para que nosso bom Deus abra seu coração para o Evangelho da Graça!

Adailton César

O QUE É O CAMINHO


O Caminho é mais que um lugar ou um clube de iluminados.

Trata-se de um movimento de subversão do Reino de Deus na Terra.

Por esta razão, "o Caminho" é feito de gente chamada a assumir seu papel de sal que se dissolve e some para poder salgar; de fermento que se imiscui na massa e desaparece a fim de subverter; de pequena semente que se torna grande e generosa árvore que a todos acolhe; de Casa do Pai para os filhos Pródigos e também para os Irmãos Mais Velhos que se alegrarem com a Graça do perdão; e um ambiente espiritual no qual até o "administrador infiel" possa se consertar, e, assim, tentar fazer o melhor do que restou.


No Caminho todos são irmãos, e ninguém é juiz do outro. Assim, ajudam-se, mas não se esmagam uns aos outros, posto que no Caminho todos caem e levantam, todos se enfraquecem, mas não desanimam, todos são humanos, e, com humanidade são tratados, conforme o Dogma do Amor.


Desse modo, "os do Caminho" andam no mundo, no chão da terra, em meio à sociedade humana; e isto sem fazer propaganda religiosa, mas, antes e sobretudo, "sendo" povo de Deus entre os homens vivendo mediante a "fé que atua pelo amor".


Jesus nunca quis fundar uma religião. Nada foi mais danoso para a genuína fé do que terem-na feito tornar-se uma religião, entre as demais.


Seguir Jesus é aceitar um modo de ser, é assumir como vida as Suas palavras, e é dar testemunho do Evangelho não como uma "estratégia de evangelização", mas sim como a natural vocação da Vida em Cristo.


O "Caminho da Graça" é a simples busca de viver o Evangelho com tal consciência entre os homens. Nada mais e nada menos do que isto!


Portanto, se o que você aqui ler for algo que receba o testemunho interior do Espírito Santo como sendo verdade conforme o espírito do Evangelho, então, una-se àqueles que desejam apenas andar conforme o chamado original dos "do Caminho", conforme o livro de Atos.


Caio

O CAMINHO DA GRAÇA QUER SER "ODRE NOVO"

Caio, falando em Santos:


“Minha mulher Adriana e eu estamos felizes de estarmos juntos com vocês.

E o Marcelo Quintela é a pessoa que Deus usou para estarmos iniciando esse trabalho do Caminho da Graça aqui em Santos.


Ele é o Ministro da Palavra da Estação do Caminho aqui, e nós não estamos começando mais uma igreja, pois jamais iria estar começando algo para ser mais um clone do que está aí estabelecido.


De modo que, quem gosta do Vinho Velho, Jesus disse que jamais irá dizer que o Novo é melhor. O que queremos, então? A nossa tentativa é de experimentar, provar e viver esse eterno Vinho Novo em Odres Novos! Isso porque existem muitos Odres Antigos, que são só odres, são só “containers”, eles não fazem parte do conteúdo do Evangelho.


O Evangelho é o Vinho, o resto é apenas, generacional, tem a ver com o tempo, com a hora, com a ocasião. Só que nós, cristãos, acabamos institucionalizando o Odre, e o Odre ganhou uma importância tão grande, que a gente briga, mata e morre pelo Odre, mas não tem ninguém interessado com a qualidade do Vinho!


E se é assim, nós não estamos aqui para repetir os modelos de Odres que existem, mas estamos pedindo a Deus que não nos falte o conteúdo do Vinho Novo do Evangelho para pacificar o coração de cada um, em nome de Jesus.”

CAMINHO DA GRAÇA: UM LUGAR DE ENCONTRO


por Carlos Bregantim

Sim, um encontro da “Vida com sabor de Graça e da Graça com sabor de Vida”. Encontro de pessoas com pessoas. Encontro de gente com gente. Encontro de seres humanos com seres humanos. Encontro de pessoas com elas mesmas, na expectativa de que este encontro seja menos dolorido, mas que seja curativo, terapêutico, saudável.

Que seja um confronto consigo mesmo que produza resultado na vida para a vida com Graça. Encontro de pessoas com a simplicidade do Evangelho, que, em lendo e meditando no Evangelho, descobrem a beleza, a suavidade, a leveza das palavras de Jesus e se sentem seduzidas a segui-Lo. Encontro de pessoas que desejam ser nada além de discípulos de Jesus e viverem com responsabilidade o Evangelho da Graça.

No Caminho da Graça, onde estes encontros acontecem, acontecem outros tantos encontros que determinam toda a dinâmica e a razão de existir do Caminho

No Caminho da Graça, os encontros são embriões de possíveis e bem-vindas “amizades espirituais”, tão raras e tão necessárias em nossos dias.

No Caminho da Graça, os encontros são informais, interativos, simples, leves, ecléticos, pois entendemos que esses ingredientes são indispensáveis para um “ambiente favorável” para se estabelecer novos vínculos de afeição, amizades, amor, compaixão e real comunhão com as pessoas e com Deus.

No Caminho da Graça, os caminhantes são encorajados a, em entendendo o Evangelho da Graça, segundo suas próprias consciências e submissos ao Espírito Santo, viverem este Evangelho da Graça na sua plenitude e voltarem a ser pessoas normais, isto é, ser gente como gente deve ser; serem humanos, pois quando Deus decidiu se aproximar de nós, se humanizou, se encarnou e habitou entre nós e aí então “vimos a sua Glória”.

No Caminho da Graça, somos estimulados a, se tivermos que radicalizar em algo, radicalizarmos na graça, no amor, no perdão, na paciência, na compaixão, no acolhimento irrestrito, no “caminhar mais uma milha”, no doar, no entregar também a capa; e isso para com todos, sem acepção, que desejarem abraçar ou re-abraçar a fé cristã.

No Caminho da Graça, todos descobrimos e reconhecemos que o lugar mais seguro para se estar no universo é debaixo da Cruz de Cristo. Somos encorajados a correr para este lugar, em todo tempo e o tempo todo; e ali, aos pés da Cruz, vamos nos transformando até que todos cheguemos à estatura da plenitude de Cristo, nos parecendo cada vez mais com Ele, o que é o propósito final de Deus em nós.

No Caminho da Graça, temos nos encontrado, reencontrado e reconhecido a presença de Deus para alem dos estereótipos religiosos, padrões religiosos, tradições religiosas. Temos descoberto que Deus não é propriedade exclusiva de nenhuma religião, pois Ele é livre e absolutamente soberano.

No Caminho da Graça, somos encorajados a ouvir o próprio coração, ouvir a si mesmo, ouvir o outro, e neste exercício de escuta, quem sabe, ESCUTAR O PRÓPRIO DEUS. Sim, no Caminho da Graça há ESPAÇOS PARA ESCUTAR.

No Caminho da Graça, até um desencontro pode se tornar um encontro, à medida que os desencontrados se encontrem e sejam encontrados e juntos celebram o encontro na Graça com alegria, liberdade, sensibilidade e compromisso.

No Caminho da Graça, todos nos encontramos uns com os outros e com Deus, com sua Graça, pois, Ele em Cristo disse: “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estarei”; portanto, juntos celebramos sua presença e afirmamos que Nele, Jesus de Nazaré, Deus se reconciliou com a humanidade e a todos perdoou e todos são convidados a participar desta mesa, a mesa da Graça.

No Caminho da Graça aprendemos a REPARTIR, VIDA, PÃO e RECURSOS. Todos são estimulados ao voluntariado na vida. Todos são encorajados a se doar, nem que seja num olhar, um toque reverente, apertos de mãos, abraços, “ósculos santos” lembrando que pessoas são “TERRENOS SAGRADOS”. Repartimos “coisas” gostosas na mesa do nosso CAFÉ.COM.GRAÇA, que acontece em cada encontro. Repartimos recursos financeiros que mantém pessoas e serviços mínimos necessários ao funcionamento do Caminho da Graça.

QUE LUGAR É ESTE?

O que é importante refletir é que este “lugar” não é necessariamente um “lugar geográfico fixo” O Caminho da Graça é um lugar de encontro de pessoas, portanto, onde estes encontros acontecerem, sendo “mediados” pela graça, isto é, pela presença do Cristo Ressurreto, ali esta o Caminho da Graça. Aqui na capital paulistana, estes encontros ou muitos dos caminhantes se encontram aos domingos às 10 da manhã na Lins, mas, falo por mim - e sei que poderia falar por muitos dos caminhantes - que ao sairmos da Lins, entramos na roda viva da vida, que nos conduz a tantos encontros onde a graça mediadora faz destes lugares Caminhos Graciosos. Por exemplo, nesta semana que estamos encerrando, o Caminho da Graça, para mim, aconteceu em vários ambientes, como no Shopping Santa Cruz, Shopping, Paulista, Padaria Letícia, Fnac, Cemitério Jaraguá, aqui em casa, no telefone, na internet, via MSN, orkut, e-mails... Enfim, tantos foram os lugares onde o Caminho da Graça se instalou e mesmo em encontros rápidos ou longos, alegres, tristes, tensos, leves... Percebi a graça do Pai aspergindo, respingando, lubrificando, mediando, acalmando, confrontando, curando, consolando, cuidando. Isto é o Caminho da Graça, este lugar, eclético, onde dois ou 10 ou 100 ou seja quantos forem podem se encontrar e se restaurar. No Caminho da Graça não há fixidez, não há padrões rígidos, regras inflexíveis, cobranças implacáveis, palavras ásperas, gritos hostis. No Caminho da Graça há acolhimento, abraço, beijo de bem-vindo e de adeus. Há perguntas sem respostas. Há alegria e choro. Enfim, há a normalidade da vida à qual fomos chamados para viver intensamente.

AONDE O CAMINHO DA GRAÇA QUER CHEGAR?

Não há lugar nenhum especificamente, porque o Caminho da Graça já é, e já está. O Caminho da Graça já é tudo que precisamos e já está onde deve estar. O Caminho da Graça já é. Se chegarmos ao coração de uma pessoa e esta ouvir a si mesma, ao outro e a Deus, atingimos o objetivo.

QUAIS OS OBJETIVOS DO CAMINHO DA GRAÇA?

Reler o evangelho de Jesus de Nazaré e traduzi-lo para o chão da vida. Buscar um re-encantamento com a pessoa de Jesus de Nazaré. Desejamos que todos os caminhantes cheguem cada dia mais próximos da imagem e semelhança do Filho, já que esta é a vontade final do Pai eterno. Que cada caminhante se torne morada do Altíssimo.

E NA HORA EM QUE O CAMINHO DA GRAÇA CRESCER, O QUE VOCES FARÃO?

Nada, pois não há nada a fazer, a não ser continuar fazendo e sendo aquilo que já fazemos e somos, isto é, O CAMINHO DA GRAÇA. Se for necessária alguma estrutura, ela deverá ser leve, simples, flexível, de modo que, nunca as pessoas sejam preteridas.

AS PRODUÇÕES DO CAMINHO DA GRAÇA



"Não é para viver de adventos fenomenológicos,
Mas do pão nosso de cada dia!"


O velho e bom Aurélio, define:

Produzir: 1. Dar nascimento ou origem a; criar. 2. Fazer aparecer, originar. 3. Apresentar, exibir. 4. Causar. 5. Render. 6. Fabricar. 7. Ser fértil


O "Caminho da Graça" é um testemunho. Há muitos outros. Muitos. Todos procurando um "lugar ao sol" onde possam se fazer ouvir. Daí surgem as produções, as nominações e as tipificações de cada um, de cada grupo.


Em primeiro lugar, deve-se lembrar que o Caminho da Graça que a gente pode PRODUZIR não vale tanto a pena. Quero dizer, não valerá a pena transforma-se numa agência de eventos com uma agenda de atividades como "produção".


O Caminho da Graça que vale a pena é aquele que PRODUZ em nós! Que produz em nós para a Vida. É o caminho da internalização da Graça de Deus em nós, é o caminho do Entendimento Espiritual da incondicionalidade do Amor e do Perdão do Pai. E essa produção continua subjetiva, existencial, relacional, num fluxo de exposição que vaza de dentro para fora do ser, e nunca o contrário.


O melhor Caminho da Graça é aquele que chama de produção, serviço, mobilização e estruturação tudo que se pode realizar na realidade do cotidiano e não nas encenações do nosso ritual comunitário de amor-com-hora-marcada. Nas relações extra-templos, sem agenda pré-definida, mas segundo o próprio curso da vida em suas idas e vindas, e em seu cruzamento com toda gente na secularidade é que se faz o Caminho, é que se produz e se realiza.


O "Caminho" não será uma "igreja de programas", nem nada parecido com isso. O "Caminho" não existe a partir de seus Encontros, o "Caminho" existe, e ocasionalmente, desemboca esse existir num Encontro, numa Estação, numa caminhada organizada, numa co-existência mais programática, pragmática, precisa, etc.


E por que esse tema agora?


Ora, porque à medida que a gama de missões externas vai se ampliando a partir de nós e nossas iniciativas como grupo, diminuem, na mesma proporção, as missões internas, o cuidado devocional com a alma em relação a Deus e a solitude necessária como produtiva disciplina espiritual. E não demora, então, para estarmos vivendo a ansiedade da manutenção de tudo, da oferta de incessantes eventos especiais, e carregando no enganado coração carregado a sensação de estarmos fazendo a "obra de Deus", quando só estamos promovendo nosso emblema e patrocinando nossos próprios entretenimentos.


Tudo isso advém do legado das práticas da insegurança que precisavam provideenciar que todo mundo estivesse ocupado com a agenda interna, vivendo num clima de gincana infinita, a fim de manter a coisa viva e as pessoas na "pilha" o tempo inteiro, para que elas se sentissem parte do espetáculo e fossem absorvidas pelas tensões e tesões do gueto, num anestesiante comportamento de fuga da vida.


Tudo isso me lembra muito os "avivamentos de retiro". Sim, falo daquela euforia espirituóide que acaba antes das malas estarem desfeitas. Estou falando daquela elevação de espírito pós-acampamento que dura até que a segunda-feira mostre suas garras!


Como se preservar das "fórmulas" de crescimento? Como ser operacional sem deixar de ser relacional? Como se guardar desse in-fluxo, enquanto estamos crescendo como Movimento de Consciência e Relacionamento, com cuidados pastorais?


Alguns conselhos que foram expostos em Fortaleza, e aqui condensados, são esses:


1) Não ser impressionável: Não é o tamanho do grupo, mas o significado do Encontro que vale. No dia que começarmos a nos preocupar com idolatrias numéricas, estatísticas e censos, atividades e ênfases que geram espírito de competição e não de fé; nesse dia, creiam, começamos a falir.


2) Não perder o espírito hebreu, caminhante, peregrino e forasteiro, que caminha sem a prerrogativa de controlar NADA, numa impotência maravilhosa e bem-vinda, que gera dependência de Deus e a manifestação do Seu poder.


3) Não se deixar pervair de um espírito acadêmico. Quase sempre a comunidade que cresce, fica besta, fica cult, auto-centrada, cerebral demais e cada vez menos crente na possibilidade dos impossíveis dos homens serem possíveis para Deus. De repente, já não se crê mais em milagres e em intervenções de Deus. Então, é necessário manter viva a expectativa da Graça Viva... Gente que diz que crê na ressurreição de Jesus, crê em tudo o mais! Deus está livre hoje para fazer o que desejar! É preciso, portanto, ousadia no Espírito Santo para orar sem temer o ridículo! Cada um de nós tem a liberdade para orar, crer e esperar, e animar a fé dos irmãos, tendo a cura como consolação ou a consolação como cura!


5) Apascentar o rebanho de Deus que está entre nós com cuidado, não por obrigação ou ofício, mas voluntariamente, por amor, evitando o pastoreio do constrangimento, da coação, da amargura por ser forçado, remunerado! E ainda, não motivado por ambição ou ganância, mas de toda boa vontade; não como dominadores dos que nos foram confiados, mas servindo de modelo ao rebanho.


5.1.) Quem quiser conduzir gente do Caminho e no Caminho, deve-se lembrar sempre dos sofrimentos de Cristo Jesus, que quando caluniado não caluniava, e quando injuriado, calava-se! Deve-se lembrar que é normal ser traído e ser deixado, e ser negado, e ser usado. Deve abrir mão de melindramentos, de direitos, de bem-estar, de reconhecimentos, de processos públicos de vitimização de si próprio, não tendo em si mesmo a medida de tudo e nem sendo o limite de coisa alguma.


5.2.) Quem quiser conduzir gente do Caminho e no Caminho, deve estar consciente da Esperança da Glória e viver sobre esses dois pilares propostos por Pedro: sofrimento e glória. Como é com o Mestre assim será com os Seus discípulos, sempre. A coroa da Glória ofertada pelo Supremo Pastor não é para esse tempo e nem para esse mundo. A Glória é do Porvir. E "entre nós, não será assim", conforme o curso desse mundo, segundo a ética dos que governam os sistemas sobre a Terra, que lideram para serem servidos. "Entre nós, o maior seja o que mais serve". Reconhecimento e Glória estão adiados até o Tempo oportuno, quando o tempo não mais existir! Pedro a designou "coroa imarscecível". Ora, vem Senhor Jesus!

***

Assim, ninguém se envolverá de novo com as "coisas de Deus" em detrimento do "Deus de todas as coisas", nas funcionalidades que só servem para manutenção de seu próprio circo, em estratagemas que só se operam para "tocar o barco", com calendários de eventos anuais fixos e pré-determinados, sem sua correspondente demanda e senso de ocasião.


Antes do ativismo, há de se descansar aos pés do Mestre. Essa é a melhor parte. E por tentação nenhuma de crescimento institucional, ela nos será tirada; pois pouco é necessário nessa Jornada! Louvado seja o nome do Senhor!


Nesse sentido, toda hora alguém me pergunta: Quando vai ser o Encontro do ano que vem? Onde será o próximo evento nacional do Caminho? Irmãos amados, o encontro não é um evento do calendário anual litúrgico do Caminho da Graça. Os Encontros são organizados em função da pertinência e da necessidade. Sua geografia não é fixa e a escolha da região obedece critérios circunstanciais importantes para determinado momento. (E o nome é Encontro sei lá eu por que! Podia ser confraternização, retiro, conferência, reunião, etc. Talvez seja "Encontro" só porque é um encontro mesmo, assim como o diácono na igreja primitiva era chamado diakonos só porque ele era mesmo aquele que serve, o garçom!) O que importa é que os Encontros correspondem ao apelo de centenas de amigos distantes e unidos pela virtualidade que em dias como esses de Fortaleza podem então se abraçar, orar juntos, congregar-se, compartilhar, comungar em unidade de fé, ouvir, aprender e ensinar...


Ah! E dançar!


Assim, não produza nada no Caminho que não seja produção do Caminho em você!


É um conselho e um desafio.


Marcelo Quintela

AS REUNIÕES SÃO PARA TODOS?


Estamos com algumas dúvidas com relação ao início do Caminho por aqui, pois tem muita gente fazendo contato para participar das reuniões. Queremos saber como trataremos destas questões? Como foi o surgimento do Caminho da Graça aí em Santos? Vocês abriram as reuniões PARA TODOS? Como foi? Sobre o que tratavam nas reuniões iniciais?
Belo Horizonte - MG

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Olá, meu amigo,


Que bom que as pessoas estão fazendo contato. Você verá que as próprias pedras clamarão!


Quanto às dúvidas que você levantou, quero te dizer o seguinte, sendo bem objetivo: Seja o mais simples e espontâneo possível. Tudo informal, tudo para todos. Tudo acerca do Evangelho e não de mais uma metodologia de aplicação eclesiástica. Não fique pregando acerca do modus faciendi da coisa toda.


Pregue o Evangelho de Jesus Cristo, e Este crucificado - Escandâlo até para os cristãos!


As pessoas já estão cansadas de ouvir acerca de novas fórmulas, métodos, visões, visões, visões... Argh! me dá até naúseas!


Portanto, se você não fizer reunião administrativa, todos e qualquer um poderão participar. Reuniões de organização civil ou de ordem estatutária (que com o tempo, serão necessárias) são para um grupo selecionados de irmãos envolvidos profundamente na história toda de abrir uma Estação, mas não necessariamente seus "pioneiros".


Mas, reuniões públicas são públicas! Podem vir não-crentes, crentes, tradicionais, pentecostais, pastores, presbíteros, diáconos, bispos, apóstolos, cardeais... Basta ser gente!


E no Caminho vai ser tratado como gente. Ninguém é a rainha Elizabeth no Caminho da Graça!


Não tem rico, nem pobre, nem culto, nem bronco, nem homem e nem mulher... Cristo é tudo em todos!


Aqui em Santos, nós começamos nas casas (CAMINHO COM-VIVÊNCIA) e simultaneamente, alugamos um auditório todo domingo, no qual fazemos uma Reunião (alguma música, pregação do Evangelho, testemunho, contribuição; e uma vez por mês, nós ceiamos com alegria e singeleza).


Não é exatamente o modo que é novo, e sim o espírito!


Nas primeiras reuniões, eu explicava que o Caminho não é uma igreja - no sentido da cultura evangélica - e nem pretende ser. É um movimento de consciência e conversão a Graça de Deus em Cristo (e nesse aspecto, temos visto a ação do Espírito nos corações e mentes).


Avisei, então, que todos poderiam vir e ninguém precisava sair de suas comunidades religiosas originais. Lógico que a maioria, assim que passa a frequentar o Caminho e ver que existe MESMO uma diferença - que não é propriamente de formato dependendo da experiência litúrgica de quem chega; mas que é de mensagem e de relacionamento - começa, então, também a frequentar mais assiduamente, porque lhes faz bem!


Depois que se conhece a abundância de Vida em Cristo, a maioria simplesmente não quer parar o processo de aprendizado e fortalecimento da fé.


É lógico também que, dependendo do circuito evangélico que a pessoa está ligada, os “porteiros da igreja” não vão deixar barato, e os que freqüentam o Caminho, serão chamados por sua liderança, e terão que se arrepender de ter feito isso... (“a vontade de Deus não sei o quê, a vontade de Deus não sei o que lá...”). Se o membro insistir, será convocado a escolher onde quer ficar. Com muita sorte, saíra “abençoado”, se for o caso!


E quanto a nós? Como tratamos essas questões?


Ora, eu não fico perguntando quem é e quem não é; quem está e quem não está! Deixo vir e ir, conforme cada um.


Vem gente que quer conhecer e saber do que se trata, vem gente aflita, vem gente pelo site, vem gente que gosta de Jesus, mas está cansada da igreja que condena, que julga, que manda para o inferno, que patrulha. Vem gente enviada para xeretar e dar relatório lá na igreja (espiões), vem gente desconfiada, vem gente que sempre vem, mas nunca diz para que veio - E eu não digo nada! Não sou investigador. Vinde! Todos vós!


É uma Estação - não é um clube, não é uma maçonaria evangélica, não é um Rotary da Graça. Ninguém é membro e todos são, se forem membros do Corpo de Cristo! Pode vir, entrar, sair e encontrar pastagens. Entendeu?


Penso que para liderar o Caminho ninguém pode ter espírito de xerife. Se o teu chamado é pastoral... Você é pastor, não delegado! E a Estação se chama Estação porque é uma Estação, e não uma Presídio de Segurança Máxima, com o caso da maioria das instituições evangélicas de "regime fechado" (voltadas para dentro).


"Estação" não é um termo bíblico e nem vai virar, mas aloja como ilustração a realidade da EKKLESIA no contexto neo-testamentário, que é a Assembléia dos Chamados PARA FORA!


Mas quando digo que a "igreja" é um presídio, não duvidem. Isso fica evidente justamente quando o cidadão resolve sair de lá. Então, se dá falta dele na frequência, é lembrado pela liderança, e caçado, perseguido e mal falado no caso de ter encontrado melhor pastagem! Mas, isso só em 99,99% dos casos. E quem ficar bravo com essa constatação é porque é cego ou dono da carapuça!


O mentor de uma Estação não pode andar desconfiado das intenções alheias, não pode pedir investigações neuróticas. Não pode ficar em suspeição com a traição "denominacional" de alguém. Isso é maluquice mafiosa e não procede do Evangelho, todavia compõe aquela parte da lista de obras da carne de Gálatas 5, para a qual a "igreja" não dá a mínima.


Portanto, deixa isso para o pessoal que gosta de fazer isso. Tem um pessoal que tem tara de conquistar o membro da igreja alheia: "Consegui, háhá! Tirei o cara da igreja daquele meu colega que é metido só porque tem a maior igreja da cidade! háhá! Eu invejo, mas conquisto! Aleluia!" Aí o bobão inseguro pensa que virou mais homem em cima do outro. Até se acha, por alguns segundos, mais espiritual, mais poderoso, mais pastor. Tudo coisa de criança, que sempre quer o brinquedo que está na mão do coleguinha."


Entendeu como os caras pensam? É triste mas é assim.


E o que me desaponta profundamente é que eles perderam a capacidade de se arrepender dessas manias. Podem até pregar diferente, mas na hora do "vamos ver" é assim que é, sempre! Mas, vocês... Vocês estão fora do circo!


"Tu, porém, cuida de ti mesmo e da sã doutrina".


E deixa essas tolices para quem virou pastor só para matar a vontade de ser dono do outro, dono da Obra, dono da Vinha, dono das almas.


E qual é o compromisso que se tem com o Caminho da Graça? O compromisso pessoal com a Estação tem a ver com a consciência voluntária de manutenção e suprimento das necessidades coletivas do trabalho. O que não for espontâneo, alegre e fruto de gratidão e amor não interessa para Deus e nem interessa para o Caminho.


Portanto, apele às consciências, conclame à generosidade, exponha as necessidades, peça ajuda sincera; só não faça terrorismos, não trate ninguém como criança, não faça "ameças bíblicas", não chame a tesouraria de "casa do tesouro", porque vocês não são o Estado de Israel e nem o dízimo é um imposto nacional de tributação obrigatória, como no templo de Jerusalém e na igreja evangélica, que diz que namora com Jesus, mas vai todo dia para cama com Moíses, em flagrante adultério contra o Noivo e a Nova Aliança!


Que todos aprendam a dar ofertas e dízimos, mas como Abraão diante de Melquisedeque - cheio de gratidão e reverência e sem barganhas a fazer!


Diferente do meu costume, estou publicando essa e outras cartas no site para, através delas, tirar dúvidas de um monte de outros irmãos, segundo os emails que recebo.


Um abraço a todos os irmãos de BH, que inauguram a Estação nessa semana!


Na mesma Graça,

Marcelo Quintela

A ESCOLHA ENTRE O CLUBE E O CAMINHO


Há dois modelos básicos de igreja. Há os chamados para fora... e os chamados para dentro. Igreja, de acordo com Jesus, é comunhão de dois ou três... em Seu Nome... e em qualquer lugar... E mais: podem ser quaisquer dois ou três... e não apenas um certo tipo de dois ou três... conforme os manequins da religião.


Igreja, de acordo com Jesus, é algo que acontece como encontro com Deus, com o próximo e com a vida... no ‘caminho’ do Caminho. Prova disso é que o tema igreja aparece no Evangelho quando Jesus e Seus discípulos estavam no ‘caminho’ para Cesareia de Filipe: um lugar ‘pagão’ naqueles dias. Assim, tem-se o tema igreja tratado no ‘caminho’ e em direção à ‘paganidade’ do mundo.


Para Jesus o lugar onde melhor e mais propriamente se deve buscar o discípulo é nas portas do inferno, no meio do mundo! Não posso conceber, lendo o Evangelho, que Jesus sonhasse com aquilo que depois nós chamamos de ‘igreja’.


Digo isto porque tanto não vejo Jesus tentando criar uma comunidade fixa e fechada, como também não percebo em Seu espírito qualquer interesse nesse tipo de reclusão comunitária. No Evangelho o que existe em supremacia é a Palavra, que tanto estava encarnada em Jesus como era o centro de Sua ação.


No Evangelho nenhuma igreja teria espaço, posto que não acompanharia o ritmo do reino e de seu caminhar hebreu e dinâmico. Jesus escolhe doze para ensinar... não para que eles fiquem juntos. Ao contrário, a ordem final é para ir... Enfim... são treinados a espalhar sementes, a salgar, a levar amor, a caminhar em bondade, e a sobreviver com dignidade no caminho, com todos os seus perigos e possibilidade (Lc 10).


No caminho há de tudo. Jesus é o Caminho em movimento nos caminhos da existência. E Seus discípulos são acompanhantes sem hierarquia entre eles. No mais... as multidões..., às quais Jesus organiza apenas uma vez, e isto a fim de multiplicar pães. De resto... elas vem e vão... ficam ou não... voltam ou nunca mais aparecem... gostam ou se escandalizam... maravilham-se ou acham duro o discurso... Mas Jesus nada faz para mudar isto. Ele apenas segue e ensina a Palavra, enquanto cura os que encontra.


Ao contrário..., vemos Jesus dificultando as coisas muitas vezes, outras mandando o cara para casa, outras dizendo que era preciso deixar tudo, outras convidando a quem não quer ir...; ou mesmo perguntando: Vocês querem ir embora? Não! Jesus não pretendia que Seus discípulos fossem mais irmãos uns dos outros do que de todos os homens. Não! Jesus não esperava que o sal da terra se confinasse a quatro dignas e geladas paredes de maldade. Não! Jesus não deseja tirar ninguém do mundo, da vida, da sociedade, da terra... mas apenas deseja que sejamos livres do mal. Não! Jesus não disse “Eu sou o Clube, a Doutrina e a Igreja; e ninguém vem ao Pai se não por mim”.


Assim, na igreja dos chamados para fora, caminha-se e encontra-se com o irmão de fé e também com o próximo que não tem fé... e todos se tratam com amor e simplicidade. Em Jesus não há qualquer tentativa de criar um ambiente protegido e de reclusão; e nem tampouco a intenção de criar uma democracia espiritual, na qual a média dos pensamentos seja a lei relacional.


Em Jesus o discípulo é apenas um homem que ganhou o entendimento do Reino e vive como seu cidadão, não numa ‘comunidade paralela’, mas no mundo real. Na igreja de Jesus cada um diz se é ou não é...; e ninguém tem o poder de dizer diferente... Afinal, por que a parábola do Joio e do Trigo não teria valor na ‘igreja’?


Na igreja de Jesus... pode-se ir e vir... entrar e sair... e sempre encontrar pastagem.


O outro modo de ser igreja é, todavia, aquele que prevaleceu na história. Nele as pessoas são chamadas para dentro, para deixar o mundo, para só considerarem ‘irmãos’ os membros do ‘clube santo’, e a não buscarem relacionamentos fora de tal ambiente.


A comunidade de Jerusalém tentou viver assim e adoeceu! Claro! Quem fica sadio vivendo num mundo tão uniforme e clonado? Quem fica sadio não conhecendo a variedade da condição humana? Quem fica sadio se apenas existe numa pequena câmara de repetições humanas viciadas?


Sim, quem pode preservar um mínimo de identidade vivendo em tais circunstâncias? Nesse sapatinho de japonesa? É obvio que os discípulos precisam se reunir..., e juntos devem ter prazer em aprender a Palavra e crescer em fé e ajuda mutua. Todavia, tal ajuntamento é apenas uma estação do caminho, não o seu projeto; é um oásis, não o objetivo da jornada; é um tempo, não é o tempo todo; é uma ajuda, não é a vida.


De minha parte quero apenas ver os discípulos de Jesus crescendo em entendimento e vida com Deus, em amizade e respeito uns para com os outros, em saúde relacional na vida, e com liberdade de escolha, conforme a consciência de cada um. O ‘ajuntamento’ que chamamos igreja deve ser apenas esse encontro, essa estação, esse lugar de bom animo e adoração.


O ideal é que tais encontros gerem amizade clara e livre, e que pela amizade as pessoas se ajudem; mas não apenas em razão de um certo espírito maçônico-comunitário, conforme se vê... ou porque se deu alguma contribuição financeira no lugar. A verdadeira igreja não tem sócios... Tem apenas gente boa de Deus... e que se reúne e ajuda a manter a tudo aquilo que promove a Palavra na Terra.


Tenho pavor de comunidades! Elas são ameninantes para a alma, geram vilas de doenças, produzem inibição dos processos de individuação, e tornam os homens eternos imaturos... sempre com medo do mundo e da vida. Sem falar que em todo mundo muito pequeno, como o da ‘comunidade’, as doenças tendem a aumentar... e a ganhar caras e contornos de perversidade travestida de piedade... É o que eu chamo de peidade! Fica todo mundo querendo se meter onde não foi chamado... É um inferno!


Lá no ‘Caminho da Graça’ estou tentando levar as pessoas a esse entendimento e a essa maturidade, e não tenho nenhuma outra vontade interior de fazer daquilo mais uma ‘igreja’. Quero ver pessoas que sejam ‘gente boa de Deus’; gente descomplicada e desviciada de ‘igreja’; gente que aprenda o bem do Evangelho primeiro para si e em si mesmas..., e apenas depois para fora...


Portanto, não se trata de um movimento ‘sacerdotal’, intimista e fechado; mas sim de um andar profético, aberto e continuo... Lá não se busca a média da compreensão... Ao contrário, lá se força a compreensão... Lá só fica quem realmente quer... e não tento jamais dissuadir ninguém ao contrario de sua vontade. Não há complicação. Tudo é muito simples. E quem não achar que serve, está sempre livre a achar o que lhe agrada em qualquer lugar. Ou não foi assim que Jesus tratou a tudo no caminho? A escolha que se tem que fazer é essa: ou se quer uma ‘comunidade’ que existe em função de si mesma, e para dentro; ou se tem um ‘caminho de discípulos’, e que se encontram, mas que não fazem do encontro a razão de ser da vida.


A meu ver, no dia em que prevalecer o modelo do ‘caminho’, conforme Jesus no Evangelho, a vida vai arrebentar em flores e frutos entre nós e no mundo à nossa volta; e as pessoas serão sempre muito mais humanas, descomplicadas e sadias... Mas se continuar a prevalecer o modelo ‘comunitário de Jerusalém’... que de Jerusalém tem apenas o intimismo e o espírito sectário... não se terá jamais nada além do que se teve nesses últimos dois mil anos; ou seja: esse lugar de doentes presunçosos a que chamamos de ‘igreja’.


Para isto... para esta coisa... não tenho mais nenhuma energia para doar. Mas para a vida como caminho, ofereço meu coração mais jovem do que nunca.

Caio

UM CAMINHO FEITO DE GENTE


Graça e paz, pr. Caio,

Depois que descobri seu site, não consigo mais ficar sem ler todos os dias suas mensagens e respostas de cartas que ajudam nas minhas questões pessoais, e ainda ajudam a gente (a quem lê) se humanizar e se ver semelhante a todo ser humano.


Felizmente estou longe da idolatria que "pega" muita gente quando se apega a alguém que lhe faz cafuné na alma. Como tem ovelha satisfazendo ego de pastor por aí! Que Deus o livre!


Oro para que o sr. continue sendo pastor de almas. Senti-me encorajada a escrever-lhe, depois de muita relutância, ao perceber a ternura com que atende as pessoas que visivelmente estão machucadas, clamando por socorro, entre as setas inflamadas do inimigo invisível e o chicote da culpa assumida que, visivelmente, atormenta as consciências, por não faltarem acusadores (até mesmo a própria consciência).


Ouso aqui expressar meus sentimentos, que tive depois do encontro das Estações em Brasília; sentimentos aos quais chamo de "Identificação": Mesmo que quando somos quebrados e feitos de novo, continuamos de barro e todos da mesma argila (Já vi algo seu escrito nesse sentido). Assim, de Força em Força, de Fé em Fé, de Fraqueza em Fraqueza, nos identificamos.


Acredito que o sr. já se identificou com Jó, com Jonas, Jeremias, João... Jesus. E ainda, com Pedro, Paulo e com tantos outros Pescadores, Pregadores e Pecadores...! (as consoantes iniciais são meras coincidências, rsrsrs).


O Caminho da Graça parece um sonho meu que Deus está realizando com homens valentes e destemidos como vi aí em Brasília.


Não me sinto tão mal, porque vejo tantas pessoas que, como eu, estão cheias de dúvidas e inseguranças...; mas tudo o que eu desejaria era re-começar... Como Lutero, que se retornassem à Palavra...


Vejo o Caminho da Graça acolhedor das gentes que, sem perder a identidade, perderam-se no in-conformismo que gera dor e sofrimento. O Caminho é como o rio que se renova a cada movimento, a cada ação do vento. E o vento sopra aonde quer.


No Caminho nunca se está sozinho. No caminho de Emaús os dois discípulos desolados caminhavam solitários até que Jesus lhes fez companhia. Com Ele algo novo acontece, brota um ardor de alegria no coração, gera uma nova disposição que faz ir em direção aos outros semelhantes nas diferenças.


No Caminho vão todos à mesma direção, incluem-se e se solidarizam. Não há espaço para partidos e facções, pois, todos têm o mesmo espírito, uma só fé, um só Senhor.

Esse é o ponto diferencial, ideal ou real?


Porque não é a pregação que está de todo errada na igreja, mas é a prática do que se prega.


O amor sofre o processo de esfriamento a partir do púlpito que, paradoxalmente, como cera derretida, a gota cai congelada.


Já não é a ovelha desgarrada que bale sozinha, mas as ovelhas encurraladas gemem de solidão na indiferença, na falta de comunhão . As ovelhas precisam encontrar águas tranqüilas no Caminho e pastagens verdes porque estão morrendo de inanição.


Que a Palavra de Deus, pela sua instrumentalidade, inteligência e ousadia, seja cada vez mais o alimento vital de muitas almas famintas e carentes. Esta é a minha oração.


Já lhe mandei um poema, não sei se o sr. viu. Vou ficar muito feliz se receber pelo menos uma palavra sua de que viu esta carta. Abraços ao sr. e Adriana.


Que Deus os sustente e guarde.

Com muito amor,

Antônia
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Minha querida Antônia: Graça, Paz e Alegria no Espírito Santo!

Sim, já houve tempo em que o problema na “igreja” era ‘apenas’ o de que o discurso de “amor cristão” não combinava com a prática eclesiástica. Entretanto, esse tempo passou para cerca de 97% das “igrejas”do Brasil já faz tempo.


Hoje nem o discurso hipócrita de amor cristão existe mais. A coisa toda virou guerra, conquista, poder, domínio, espírito de controle e dominação explícitos; e muitas outras perversãoes, que vão da mensagem (a qual anda moribinda na boca da “igreja”) à toda sorte de manifestações pagãs. O que transforma a “igreja”, como ela se tornou hoje, em algo tão ou mais pagão do que o que havia nos dias de Lutero, conforme sua alusão.


O que nós temos hoje tem na “igreja universal” o motor de algo que carrega, em maior o menor medida, o mesmo “espírito”. Sim, ainda em 1994 eu vi que a “igreja”, na prática, havia escolhido o modelo pagão da “universal”, abandonando de vez qualquer sonho que pudesse ser dignamente evangélico em relação a ser relativo ao Evangelho.


Daquele tempo em diante minha angustia pessoal era descobrir como sair “daquilo”. Sim, de fato e de verdade, eu não queria mais ser parte daquilo de modo algum, mas não sabia o quê e nem como fazer.


Hoje seu sei que tudo o que aconteceu (conquanto seja responsabilidade minha em tudo quanto me disse respeito), teve a mão poderosa de Deus. Sim, hoje eu sei que “aquele mal veio da parte do Senhor”.


As dezenas de sonhos-visões que Deus me deu entre 1997 e 2000, todos falavam do mesmo tema, e estavam carregados da mesma mensagem: “Esse mal vem da parte do Senhor”.
O difícil no meio da confusão ainda em curso era saber que bem pode estar oculto em tal mal que vinha do Senhor!


Entretanto, o tempo, o vento, o sopro, o toque, o balançar, o mover, o agir sutil e poderoso de Deus, vai trabalhando em todas as coisas; e, sem que se perceba, Ele mesmo começa a chamar à existência coisas que a gente já nem crê mais que ainda possam ser possíveis.


Desde jovem que minha atenção foi chamada para a expressão “os do Caminho”, referindo-se ao discípulos; e “este Caminho”, referindo-se ao Evangelho; as quais acontecem no livro dos Atos dos Apóstolos; quase sempre em alusão a algo referente a Paulo.


Todavia, depois de um tempo, gradualmente, em minha mente foi se formando a idéia de que o termo “igreja” perdera seu significado original, e, pelo uso milenarmente pervertido, a expressão já não era mais útil para designar a jornada individual e comunitária dos discipulos de Jesus.
De fato, a idéia de “igreja” ficou tão possessa de outros significados que usar o termo fala da antítese do que se desejaria expressar, conforme o Evangelho.


Jesus, entretanto, só falou em ‘igreja’ duas vezes; tendo, todavia, falado da fé como algo que se manifestava no discipulado, como indivíduo, e nos discípulos, como ajuntamento andante, dezenas de vezes.


Assim, a ênfase existêncial de Jesus no discípulo é algo que diz muito acerca do que é importante e saudável. Além disso, a descrição que Pedro faz de Jesus, em Atos, quando diz que Ele “andava fazendo o bem por toda parte”, mostra a total despreocupação de Jesus com qualquer outra coisa que não fosse, antes de tudo, fazer o bem em toda parte.


É por esta razão que não o vemos “montando” ou “articulando” uma “igreja” em lugar algum. Ao contrário, conquanto Ele fale em “edificar a sua Igreja”, ao mesmo tempo, Ele parece não fazer nenhum esforço semelhante aos nossos, no sentido de “edificar” uma “igreja” do mesmo modo como há muito se crê e se imagina que seja o “interesse de Deus”.


Jesus não plantou igreja em nenhum chão que não fosse o do coração das pessoas!
Não há Nele nenhuma manifestação de posse geográfica sobre qualquer novo ser que lhe cruze o caminho.


Sim, Ele cura, liberta, perdoa, acalenta, exorta, acolhe, etc...; porém, em momento algum Ele diz qualquer coisa ao novo “convertido” que seja do tipo: “Fique aqui ou você se perderá!”
Muito pelo contrário, o tempo todo o movimento que Ele propõe é outro. Quase nunca é um “fica”; mas quase sempre é um “vai”. E quem “fica”, fica apenas para ser ensinado a “ir”, enquanto vai...


E a ordem Dele é “indo façam discípulos...”; o que sugere movimento, andança, semeadura, cuidado, e multiplicação de novas consciências segundo o Evangelho; tudo, entretanto, acontecendo enquanto se vai...; ou seja: no caminho.


Pessoalmente eu creio que boa parte da doença da “igreja” vem desse “ficar”, o qual forma grupos e partidos, e estabelece um relacionamento clubesco e viciado; visto que a ordem foi invertida, pois os chamados para fora, ficarem presos confortavelmente do lado de dentro; e pior: crendo que somente do lado-geográfico-de-dentro é que residem todas as coisas de Deus.
Portanto, nesse caso, a “igreja” se vê como “despenseira” da graça de Deus não como quem dá, mas como quem “guarda” e se sente “dona” dos bens de Deus.


O que vai acontecer conosco? Sim, andando como quem busca andar como gento “do Caminho”. Sinceramente eu não sei como será, embora saiba o que seja. O que sei é que não tenho nenhum medo de andar conforme a minha consciência do Evangelho na presença de todos os homens.
Não me envergonho do Evangelho; e isto nada tem a ver com ser ou não “evangélico”.


No meu caso, a fim de poder dar testemunho para os “evangélicos”, tendo sido um deles por muitos anos, e entre todos, um dos mais ouvidos, aprouve a Deus me derrubar aos olhos deles, fazer-me provar os juízos, as afrontas, os desrespeitos, e tudo o mais que da maioria dos “líderes” evangélicos me veio; bem como, a indiferença que “desconhece” você quando sua presença se faz sentir, a qual me foi manifesta por muitos irmãos e dantes amigos — tudo isto para me libertar de tais muralhas; e, de fato, me dar a chance maravilhosa de pregar as insondáveis requizas de Cristo “fora dos portões” da Cidade Amuralhada na qual a “igreja” se tornou.


Assim, o que era trágico se me afigurou, posteriormente, um ato soberano e libertador de Deus; salvando-me de viver o resto da vida com aquele grito sufocado na alma; grito esse que, por mais que eu o expressasse, ainda assim me parecia insuficiente, posto que eu falava “de dentro”, como quem validava algo que minha própria alma abominava.


Estou dizendo tudo isto para concluir afirmando o seguinte:


No que me diz respeito jamais faria viagem tão dolorosa para buscar repetir justamente aquilo que minha alma sente e vê como perversão do Evangelho!


Assim, levados pelo vento e andando sem saber para onde estamos indo, mas apenas e suficientemente com Quem estamos aindo, prossigamos sem temor!


Nele, que é o Caminho, e o Senhor de todos “os do Caminho”,

Caio

INSTITUIÇÃO X INSTITUCIONALIZAÇÃO


Muita gente pensa que criei uma denominação a um estilo evangélico light em razão do surgimento do “Caminho da Graça”. Mas não poderiam estar mais enganados em seus julgamentos.


Na realidade, como passei minha vida toda dizendo, instituições são entes impossíveis de não serem criados em qualquer que seja o ajuntamento humano.


Ajuntamento humano constante, freqüente, harmônico, coeso no mesmo objetivo e nas mesmas compreensões, inevitavelmente institui-se como um ente coletivo, seja qual for o elemento de sua junção — cultural, esportiva, espiritual, política, etc.


Assim, digo: pelo próprio compromisso com os conteúdos de sua identidade, pessoas que se encontram umas com as outras de modo comprometido e em razão de algo maior do que elas mesmas — fazem nascer uma instituição.


Reconhecimento e afinidade geram instituição.


Do mesmo modo instituição é fruto da convicção comum.


Aonde quer que pessoas se encontrem, e o façam em razão de uma convicção comum, ali há uma instituição, mesmo que seja nos encontros do bar da esquina.


Ora, nesse sentido, até este espaço virtual do meu site, pela convergência de milhares de pessoas que a ele se ligaram pela convicção, e em razão de cuja convergência veio a surgir naturalmente o Caminho da Graça — é também uma instituição.


Minha luta nunca foi contra a instituição; pois, tal luta é tão inglória e tola quanto correr da própria sombra.


Minha luta sempre foi contra a institucionalização.


A instituição é fruto do que é. Já a institucionalização põe o que é a serviço de algo que já não é, posto que apenas um dia foi.


Ora, o que é sempre tem primazia sobre o que foi, pois, o que é está existente e vivo hoje, e o que já foi não passa de uma referencia, mas já não deve determinar aquilo que agora se faz real.


O principio do Evangelho acerca do que se institui pela verdade da realidade e da necessidade, em contra partida àquilo que um dia foi, mas hoje já não é, nos é apresentado por Jesus por duas imagens — dos odres velhos e novos, e da veste velha e do pano novo.


Instituição é validada pela sua validade existencial, pela sua relevância, pelo seu significado real para a vida hoje.


Institucionalização é o esforço presente por manter o passado e suas regras humanas de ontem, válidas hoje, mesmo que ninguém consiga ver a sua significação.


Instituição é um ente vivo. Sim! Porque feito de gente!


Institucionalização é a ditadura dos defuntos.


Assim, o pano novo e o vinho novo correspondem à instituição do que é, do que é relevante, do que é necessário, e do que é verdadeiro e sincero com a realidade.


Do mesmo modo, a veste velha e o odre velho, com seu vinho velho, correspondem à institucionalização.


Jesus disse que era para não se tentar instituir o novo no velho instituído, pois, jamais haveria compatibilidade.


Se algo é novo em relação a algo que pela sua existência se torna velho, então é porque neles habita uma distinção de significado essencial.


Assim, a verdadeira instituição se converte à verdade e à realidade, se re-generando. E faz isto mediante o arrependimento que se manifesta como pertinência e capacidade de se transformar, revelando tal capacitação em cada novo encontro com a vida e com a realidade.


Já o que se faz instituído como algo fixo (institucionalização) deseja vestir para sempre os homens com as vestes de ontem, e almeja que cada nova geração goste do mesmo vinho produzido num ontem eterno. Assim, o que antes fora vinho novo, tendo sido condicionado por um odre de imutabilidade, pode hoje já não ser nada além de um vinagre.


Desse modo, digo: o Caminho da Graça é uma instituição pelo simples fato de milhares de pessoas — seja pelo site, seja em razão dos encontros nas dezenas de grupos e Estações — afirmarem sua convergência de convicção nas mesmas coisas, confessando harmonicamente os mesmos objetivos fundados no Evangelho, e, de modo relativo e secundário, expressos de forma atualizada nos conteúdos expressos neste site.


Entretanto, o principal conteúdo do Caminho da Graça é sua disposição de existir em metanóia permanente, no permanente encontro entre a Palavra e a existência.


Assim se espera que o processo não cesse jamais de se converter ao novo, conforme a revelação do Evangelho, o qual, é Palavra viva, e se re-atualiza a cada nova realidade ou geração.


Desse modo, o que digo é que o Caminho da Graça não é uma “denominação religiosa”, pois, apesar da inevitabilidade da instituição, nosso modo de ver e sentir a experiência da fé, não tem qualquer outra referencia absoluta senão o Evangelho em sua simplicidade, fugindo nós de tudo aquilo que signifique o emoldurarmento da experiência do tempo presente, evitando a tentação de que a experiência de hoje se torne perene nas formas e nos modelos quando estes já não forem pertinentes ou próprios em outra geração, tempo, ou realidade.


Hoje mesmo cada Estação do Caminho da Graça já tem sua identidade e modos próprios, conforme a cultura e sensibilidade das pessoas do lugar.


No Caminho da Graça as formas e modos são tão variáveis quanto variáveis são as realidades que culturalmente nos constituem.


Os odres e as vestes são circunstanciais e generacionais. O Evangelho é que nunca precisa mudar, nunca necessita ser adaptado aos sabores de novos conteúdos, posto que a essência da Palavra é imutável em seu espírito.


Assim, que ninguém veja o “Caminho da Graça” como uma nova denominação evangélica light, pois, no que nos diz respeito, buscamos o compromisso como uma forma permanente de mudança, conforme a Palavra e o Espírito nos convençam em relação à realidade de hoje ou de qualquer outro tempo posterior a este.


Para quem desejar mais detalhes, recomendo a leitura do livro de minha autoria intitulado “O Caminho da Graça Para Todos”. Quem desejar basta pedir na loja do site ou, então, pode escrever o nome acima no espaço de “Busca”, e, assim, achar o texto do livro, e que se encontra nos conteúdos deste site.


A Videira Verdadeira nos dá o vinho novo a cada nova geração. Cabe a nós ter a coragem de trazermos odres novos, assim como cabe a nós vencer a tentação do remendo de pano novo em veste velha.


O que se espera é que tão somente nos vistamos com a nova vestimenta, feita do pano novo da Graça de Deus em nossa geração.



Nele, que é o Evangelho imutável,


Caio

CAMINHO DA GRAÇA: UMA INSTITUIÇÃO?


"O caminho do cartório não institucionaliza o Caminho!"


Graça sobre Graça!

Fico impressionado, meu amigo, com os sentimentos que as palavras ‘estatuto’ e ‘instituição’ causam nas pessoas com quem tenho tido contato no "Caminho" pelos caminhos do Brasil. Alguns já chegam pedindo o estatuto, aí eu me assusto. Ops! Recuo. Não acho que nada natural comece pelo estatuto, muito menos algo que pretende tomar Forma ao sabor do Vento da Essência. Mas, depois que percebo que alguns já estão precisando manusear dinheiro alheio para se manter existindo como grupo reunido num lugar, então, com simplicidade e senso de ocasião, envio o bendito estatuto. E aí, eles que se assustam: “Como? O Caminho da Graça tem isso? Pronto! Era o que faltava! Virou Instituição! Ai meu Deus! Atolei em outra barca furada!”


Desse modo, sei que tem gente que simplesmente quer abrir outra igreja evangélica sob a insígnia do Caminho, e nesse caso, já chegam pedindo os papéis. E tem aqueles que, traumatizados pela experiência da Igreja Institucional, se arrepiam só de ler um simples estatuto civil, com medo da coisa toda se perder.


Portanto, pastor, eu pedi para o Valmir, do Caminho em Santos, transcrever umas palavras suas que ele gravou em Janeiro, durante um Café da Manhã que tivemos com os irmãos aqui na cobertura do meu prédio.


Elas são muito apropriadas para essa hora, e por isso tomo a liberdade de registrar aqui no site a íntegra delas (com sua licença).


Lembro-me de que ainda menino, meu pastor, que é muito querido, me presenteou com a Constituição da IPI do Brasil, num corredor escuro, como quem passa um bastão ou oferece uma arma, a fim de que eu soubesse me defender da “presbiterada” que nos encurralava... Olhei para aquele livrinho azul e pensei comigo: Nossa! Que vida ‘boa’ eu tenho aqui dentro! Antes eu decorava versículos para me defender do diabo, agora decoro artigos para me defender dos irmãos!


Um beijo no ombro, com muita saudade!


Marcelo

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Café com Caio – 26/01/2006

A questão colocada: “Na opinião dos sociólogos, com o passar do tempo, qualquer movimento acaba se institucionalizando". Então, pergunta-se: “O que acontecerá conosco no Caminho da Graça? Iremos passar por um processo de institucionalização, assim como acontece e aconteceu com a igreja?”

Resposta


Inevitavelmente, os homens se instituem. A insegurança humana encontrou na instituição um ente que dá a eles extrema segurança. A garantia de que é uma coisa que o transcende, e o que de mais eterno ele consegue construir no tempo é: a instituição, o estado, o país, a instituição da justiça, do direito, da política. É esse argumento o tempo todo: “o tempo passa e as instituições ficam.”


Provavelmente, hoje a instituição mais antiga seja a Igreja Católica Romana, que é com certeza o último remanescente institucional do Império Romano. O Império Romano teria já acabado de todo, do ponto de vista histórico, se não fora o fato de que a Igreja Católica o mantém vivo. Ela é romana no direito canônico com o qual decide dogmas, doutrinas, todo herdado do direito romano. A geografia dela é em Roma; e a constitucionalização dela foi feita pelo imperador romano Constantino, ela mantém todas essas coisas.


Só estou dizendo isso como ilustração de que Roma como o poder político acabou, mas houve uma instituição que o mantém vivo até hoje, com outra cara, com outra fisionomia, mas carregando a mesma história, a constitucionalidade do mesmo processo... A única e a última a representar que esse poder foi se esfacelando desde os primeiros miolos da fé da era cristã.


Respondendo a pergunta quanto a “...tudo se...” institucionalizar.


Quero dar o exemplo deste casal aqui a minha frente, recém-casados. Hoje eles não estão institucionalizados. Como eu sei disso? Ora, está na cara dela que ela ainda não é uma esposa. Ela é a sua mulher. Está na cara que ele não é assim, um Senhor Marido. Ele é o teu homem! Infelizmente os anos podem ir passando, ir passando e você que hoje diz “meu amor” daqui a pouco diz “bem”, daqui a um pouco diz: “...ei fulano!”, daqui a um pouco o chama de pai, ele a chama de mãe... Mas, vocês não foram lá ao cartório para institucionalizar esse amor e essa aliança. Se vocês foram num cartório, somente para dar uma garantia legal e social (que hoje a lei já garante pelo mero convívio), mas fizeram isto para ver se os demais instituíam para vocês dois, o que, para vocês, está instituído com amor, ternura, amizade, razão pela qual se amam. Isso é casamento segundo a sociedade.


Então, paradoxalmente, até essa coisa que é fruto do amor, da paixão, do desejo, do acolhimento, do valor estético, da beleza do outro, das trocas psicológicas, das carências, dos carinhos, dos devaneios de fantasias mútuas, das responsabilidades divididas, do espírito societário, solidário, santamemte bandido que um casal tem de se ajudar mutuamente de verdade, corre o risco de com o passar do tempo se institucionalizar. Aí o cara era o meu homem, passa a ser o pai dos meus filhos. A mulher que era a minha mulher passa a ser a mãe dos meus filhos. A mulher que eu queria com as minhas vísceras, agora eu quero muito bem, e ainda "a gente tem uma história tão longa e eu o quero tão bem, porque eu me acostumei a ele e ele a mim". E este é um processo de institucionalização que ninguém elegeu presbíteros na casa de vocês, e nem diáconos, nem bispos e veja como se institucionalizou!


Então, institucionalização nunca é um mal das entidades apenas, nunca é apenas aquilo que acontece aos entes inanimados que são donos de logotipos, de registro civil, de estatuto, ou seja, Instituição não pega só neste tipo de coisa, pega em tudo. Porque na coisa em si é que ela não pega. Porque a instituição só pode acontecer em gente, são as pessoas que projetam o que neles está instituído como algo que a instituição será sempre: A soma dos interesses e das divisões da média ponderada dos associados e dos interessados na manutenção desse ente! Mas ele em si, não é nada. Ela, a Instituição, não acorda e diz: bom dia, ela não te dá boa noite! Se o teu pai morrer, a instituição não te diz: sinto muito de todo coração. Se o teu filho nascer, ela não te aplaude. Agora se o teu filho morrer e ela for solidária, não foi ela que foi solidária, é porque tem gente lá dentro que se solidarizou. E ela não existe, só existem pessoas.


Portanto, o primeiro mito a se acabar é essa coisa de que se tiver CGC, conta bancária, um nome ou logotipo, virou uma instituição.

§ Um logotipo não vira instituição.
§ Razão social não vira instituição.
§ Conta bancária não vira instituição.

Só se torna instituição quando os idiotas que são os membros que compuseram isso aí, se empedram, se engessam e se fazem do seu estatutinho, da sua constituiçãozinha, da historinha daquele comecinho, daqueles fundadorezinhos, uma série de abraõezinhos, de izaquezinhos e jacozinhos, e da história deles uma história sagrada. É aí que eles se tornam verbos de Deus na instituição: “No princípio era EU, Deus estava comigo, e sem mim nada do que Deus tentou fazer foi feito”.


Então... este é o processo institucional que só não pega em poste de ferro, que só não dá em muralha de pedra, mas que dá em coração humano. Veja: a gente pode abrir uma firma, com razão social e garantir que ela nunca vai virar uma pedra. Sabe como? Bota ali aquele decreto do reino: “O reino é simples”, faz daquilo ali um decreto e não põe gente nenhuma ali dentro. Ninguém aparece, ninguém dá pitaco. Ela fica lá no cartório registrada e vocês vão vir daqui a uns mil anos, não mudou nada. Fica como está decretado, tudo direitinho. Agora bota gente aí para ver o que acontece! O cara de hoje não é o cara de amanhã... Por exemplo: Você menina, aqui na minha frente tem que idade? 17? Quando eu tinha 17 anos, eu pensava como quem tem 17. Quando cheguei a 23, pensava como quem tem 23. Quando cheguei a 30, me tornei um ser idoso com 138 anos. Quando cheguei aos 40, estava com uma saudade imensa da minha juventude. E hoje cheguei aos 50 com a certeza que tenho só 51 mesmo.


O que estou querendo dizer é simples: as instituições vão mudando na medida em que o viço dos 17 anos e a paixão podem se transformar subitamente numa fixação mandona, tirânica, de realeza cristã, de “eu estava lá desde o princípio, eu sou a pedra angular, isso foi erguido sobre o fundamento do meu apóstolo e dos nossos profetinhas”.


Aí se fizerem de mim, Caio, o evangelho, ferrados estão. Se fizerem do Marcelo, o evangelho, ferrados estão. Se fizerem do melhor momento da Estação daqui de Santos a referência a ser buscada para sempre, danados estão vocês.


Uma piadinha diz o seguinte: quando o Senhor Deus criou todas as coisas, foi tudo lindo e para Deus dizer que está tudo bom é que está um espetáculo, não é? É ele dizendo: Está muito bom, está bom demais, dá até samba... E quando acaba a criação toda, a serpente só estava lá picotando... vendo Deus dizer: Está muito bom, está bom demais. E nem o Senhor resistiu à tentação de ver emitida a opinião de terceiros. E aí chegou para a serpente e perguntou: O que você acha do que eu fiz? E ela falou: Está muito bom, está bom demais. Aí ele disse: É mesmo é? Ela diz: Só está faltando uma coisa. Deus pergunta: O quê? Ela responde: Porque o Senhor não institucionaliza esse negócio inteiro?


Mas, então, veja: a instituição só tem o poder de matar a vida, quando se rendeu à morte fixa e estática do que se está instituindo. Porque se o que está escrito ou instituído é apenas uma referência histórica para o momento de hoje, não é o teto, nem a parede, nem o chão do movimento, é apenas o tabernáculo da viagem, é apenas a tenda que se arma enquanto se caminha, é apenas a estação da jornada, e se cada um de nós souber o único poder de institucionalizar a coisa, é aquele que procede de nós e que esse é um poder simples. Ele não precisa ter um concílio reunido para se fazer instituir (no mal sentido), não precisa eleger presbíteros, diáconos, coisa nenhuma. Este grupo que está aqui pode virar uma porcaria se vocês quiserem, sem precisar eleger ninguém. Basta um coração se sentir superior, basta o cara achar que é dono de alguma coisa, basta alguém se sentir dono da casa, por pedigree, por histórico, um ser mais importante dos que os que forem chegando e basta que a minha vontade seja instituída como mandamento divino. Eu estou me referindo àquelas tentativas de ir fazendo pequenas leis que não são da palavra, que a gente vai chamando de sabedoria de início; depois muda: “É o nosso costume”, depois vai para: “É o nosso modo de ser.” Depois, quando os que começaram já não estão, a gente diz: “Não era assim que se fazia!” ou “Não podemos mudar como era”, “Se mudar nós perderemos a nossa identidade”. Como se eu tivesse perdido a minha identidade porque eu não sou igual ao meu pai.


Geração após geração o que se quer é que novas identidades apareçam, e não que se haja uma clonagem ou repetição das coisas debaixo do sol. Nem o sol se repete, nem o por do sol é o mesmo, nem a lua, que é redonda e nunca apareceu triangular, toda vez que chega. Agora nós temos essa fixação que é fruto da nossa insegurança, de tentar fazer com que algo bom do momento de hoje se cristalize, se engesse, para se tornar definitivo para sempre. Aí a catástrofe se institui e começa com um mover espiritual do coração de alguns, às vezes de alguém, ou quando se transforma numa coisa que recebeu adesão de um número maior, vira movimento. Aí depois que esse movimento anda um pouquinho mais, ele começa a se institucionalizar, nesse processo que eu citei aqui, com a gente dizendo: ”Nós é que sabemos, nós é que marcamos.” É a coisa do xixi do leão, que marca o território, e a institucionalização vai sendo feita da fixação dessa mentalidade, até que o mover vira um movimento e o movimento vira uma instituição que acaba transformando aquilo numa coisa que depois de alguns anos vira um mausoléu.


Concluindo a resposta: Nenhum de nós tem o poder pessoal de decidir quantas gerações à mais nós vamos servir na vida. Se, porventura, o que eu fiz até agora na minha vida e o que eu registrei das coisas que eu creio, vejo e sinto, se tornarem coisas importantes depois que eu não estiver mais aqui, e atingirem outras gerações, sinceramente falando, é um problema de Deus, porque eu não estarei aqui para saber. Então não é uma questão para o cara que já foi, e sim uma decisão divina, fazer com que aquilo que numa geração não tenha sido compreendido, somente uma outra lá na frente venha a ter mente suficiente para discernir o que está sendo dito naquela hora e os contemporâneos não estão compreendendo.


Voltando e usando o exemplo que eu dei de que nem mesmo se porventura alguma coisa do que eu fiz, disse, registrei ou escrevi, virá a ser algo com significado para as outras gerações, que faça bem a outras gerações. Aleluia! Mas eu não estou aqui visando isso e não posso viver de um futuro inexistente.


O único momento que me interessa e ao qual eu ministro é este. A geração que me concerne não é a que virá, é a que está! Assim como nestes 32 anos pregando a palavra, eu já vi muitas gerações mudarem. Pois, quando eu me converti a geração cristã era uma, 10 anos depois era outra, 10 anos depois era outra ainda. Hoje, todo dia eu encontro gente que se converteu de 1998 para cá, quando eu parei de pregar na grande mídia, e que nunca me viu na vida; o que para alguém que viveu os 30 anos anteriores é quase que inconcebível: ”Mas você não conhece esse cara?” Como se ficasse alguma coisa perpetuada ali, um holograma caiofabiano viajando pelo espaço... (Como se para) todo evangélico que se convertesse agora, chegasse aquele grilo falante dizendo: “Oi, eu sou o Caio! Não estou mais aqui, mas já estive, viu!" Não existe isso. Cada um marca sua hora e o tempo.


Então o compromisso do Caminho da Graça não é com a inconstitucionalização dele, jamais. O compromisso do Caminho da Graça é com a geração dele hoje. Mas sem nenhuma fobia institucional, porque o institucional é essencial. Ninguém paga água sem o institucional, ninguém paga luz, ninguém recebe dinheiro sem o institucional. Senão, vira tudo pessoal, a casa da mãe Joana. Então, para ser algo sério tem que ser institucional. Não pode ser a igreja do Caio, do Marcelo. Quem vai assumir isso não tem que ser dois compadres que decidem como as coisas acontecem. Para ser legal (legalizado), tem que ser instituição. Para poder ser legal, para ser auditável, para ser comunitário, para ser de todos conforme a constituição do momento e do tempo histórico do qual nós vivemos. Mas até aí tudo bem, porque eu tenho CPF, RG, título de eleitor, atestado de reservista, certidão de casamento, passaporte, toda essa porcaria e continuo não-institucional. Eu sou eu todo dia. Isso aqui (passaporte) me serve para mostrar para um guarda na fronteira. Passei a fronteira, entro num lugar que me convêm e boto ela no bolso que é o lugar dela, e sento em cima. O cara que viaja a primeira vez fica mostrando: Olha! Esse é o meu passaporte! No meu caso, esse é o meu 10º passaporte, não tem onde botar carimbo nessa droga. Agora tem gente que se pudesse, colocava o passaporte com todas as estampas na testa para todo mundo ver. Esse cara É a Instituição, porque ele não existe do momento, ele existe é da acumulação das supostas conquistas passadas que são dele e tem que ficar estatificadas, tem que virar coroa, vitrine, aquariozinho das memórias de Deus.


Então, em resumo, só não ficará institucionalizado se eles não virarem uns BABACAS! Mas se embabacarem, já era! Mas se mantiverem a alma no Evangelho, a consciência simples, andando no Senhor Jesus, tratando uns aos outros como irmãos, sem se impor uns aos outros, sem evocarem pedigree, sem dizer: “eu cheguei aqui primeiro, sem fazer conta de entrada nem de saída, sem ficar auditando uns aos outros, sem ficar fiscalizando uns aos outros, sem ficar impondo suas próprias decisões pessoais e particulares como sendo leis comunitárias para o outro. Se isso não acontecer não tem perigo nenhum!


E se mantiverem-se atualizadas e crescer, se tiverem o software da graça e do amor, rodando na mente e no coração, e a palavra eterna aqui na mente-coração, toda nova geração vai saber fazer atualização com a propriedade pertinente para servir a própria geração. Se depois que a gente partir, surgirem uns idiotas, e puserem uma placa lá na frente dizendo: “Caminho da Graça – Primeiro Movimento da Grande Reforma Anti-Reformada”, “ Estação Primeira de um Pingo (de Mangueira) de Santos” ou “Estação Segunda da Catedral de Brasília...” Aí, me desculpe, pelo amor de Deus, irmãos, acho que antes da ressurreição, eu levanto dos mortos para embolachar esses tais!


Caio

31 março 2009

A SUBVERSÃO DO CRISTIANISMO


----- Original Message ----- From: ENTREVISTA: A SUBVERSÃO DO CRISTIANISMO To: contato@caiofabio.com Sent: Friday, April 29, 2005 2:26 PM Subject: ACERCA DE UMA POSSÍVEL NOVA REFORMA

A pergunta: em sua opinião, quais os "complementos" que prejudicam o avanço autêntico da fé bíblica no Brasil atualmente?

Reverendo Caio, A pergunta que finalmente encaminho é um tanto genérica. Mas baseada em um pequeno trecho do excelente "Cartas do Coisa-Ruim", do CS Lewis: "Meu caro pé-de-cabra, O que nos perturba, no tocante à turma com quem anda seu paciente, é que ela é simplesmente cristã... O que nós desejamos, se fazem mesmo questão de ser cristãos, é mantê-los num estado de espírito ao qual chamo 'cristianismo e'. Você me entende: Cristianismo e a Crise, Cristianismo e a Nova Psicologia, Cristianismo e a Nova Ordem, Cristianismo e a Cura pelo Espírito, Cristianismo e a Pesquisa Psíquica, Cristianismo e Vegetarianismo, Cristianismo e Reforma Ortográfica. Se querem absolutamente ser cristãos, que o sejam com uma diferença. Substitua pela Fé qualquer moda colorida de cristianismo..."

A pergunta: em sua opinião, quais os "complementos" que prejudicam o avanço autêntico da fé bíblica no Brasil atualmente?

Resposta: Sou de origem Presbiteriana e Católica. Meu pai era Católico e minha mãe Protestante Reformada. Portanto, sou filho das culturas religiosas e cristãs que mais fortemente moldaram o Ocidente: o catolicismo e o protestantismo. Daí, tudo o que eu falar a respeito, será com muita dor, posto que mesmo agora, enquanto escrevo, choro, vendo aquilo no que a fé em Jesus se tornou entre os cristãos em geral. É obvio que a Cristandade é maior do que esses dois veios entre os quais eu cresci. Porém, não há dúvida quanto ao fato de que eles são os mais importantes na Cristandade, historicamente falando. De fato, de certa forma, o que aconteceu ao Cristianismo no Brasil é demonstrativo do que aconteceu ao Cristianismo no mundo todo.


Portanto, ao falar de qualquer coisa relacionada ao Cristianismo brasileiro, sei que estou falando também de algo que é tão variado como fenômeno, que pode ser visto como boa síntese do que aconteceu ao Cristianismo no mundo. Quem acompanha o que está acontecendo ao Cristianismo no mundo, incluindo todos os regionalismos, sabe que no Brasil cada uma dessas peculiaridades religiosas e culturais, indo dos Católicos aos Reformados—com todas as variáveis desses movimentos—, dos Pentecostais aos Neopentecostais—com todos os matizes possíveis, indo da tradicionalíssima Assembléia de Deus, à Universal e seus filhotes de franquia—, são manifestações locais e gigantescas do que acontece no mundo, na maioria das vezes sem a diversidade com qual o fenômeno cristão se manifesta no Brasil. Digo isto apenas para chegar ao significado da Cristandade no mundo de hoje e no Brasil.


Na minha opinião o “Coisa-ruim” não tem muito com o que se preocupar no Brasil. “Pé-de-cabra”, por aqui, conseguiu levar a maioria a praticar o “Cristianismo e...”; o que é ainda pior do que “Meramente Cristianismo”; ou ainda pior do “Cristianismo e Nada Mais”. Ora, o que estou dizendo é que a questão é mais profunda do que “Cristianismo e”. De fato, o problema é o “Cristianismo”. O que os cristãos precisam saber é que Jesus não era cristão, e que nem tampouco quis Ele fundar o Cristianismo, nem ainda teve Ele interesse em algo que se assemelhasse à civilização cristã ou mesmo com a “Igreja”, conforme nós a conhecemos de 332 de nossa era até hoje.


Na realidade, quem entendeu o Evangelho e seu significado, sabe que o Cristianismo já é uma grande vitória do “Coisa-ruim”, posto que ele (o Cristianismo) já é uma perversão, transformando o Evangelho puro e simples numa religião, com Dogmas, doutrinas, usos, costumes, tradições com poder de imutabilidade, moral própria, e muita barganha com os homens, em franca e pagã manipulação do nome de Deus, praticando, assim, uma obra de estelionato contra o Evangelho de Cristo.


Jesus criou o caminho da fé na graça e no amor de Deus, o que deveria ser algo livre como o vento, e vivo e móvel como a água. Quem pode ouvir o ensino de Jesus, com toda sua desinstalação, com toda a sua mobilidade, com toda a sua liberdade de aplicação sem legalismo ou fixidez, com toda a confiança do Semeador no poder da semente-palavra, com toda ênfase na igualdade de todos, com toda a vindicação de individualidade para cada um, com toda denuncia aos poderes religiosos, e com toda a pertinência à vida—fosse para curar a mente, o corpo ou o espírito; fosse para anunciar a destruição do Templo como lugar de Deus; fosse para beatificar samaritanos e demonizar religiosos sem coração—; e, ainda assim, imaginar que Jesus tem qualquer coisa a ver com o que nós chamamos de “igreja”, seja aquela que se abriga no Vaticano, ou sejam aquelas que têm tantas sedes quantos pastores, bispos e apóstolos megalomaníacos existirem?


O mundo praticamente só conheceu o Cristianismo, posto que a própria Reforma ainda foi um desses “e” acerca do qual o “Coisa-ruim” falou com o “Pé-de-cabra”. O mundo não teve ainda a chance de conhecer o Evangelho, conforme Jesus, e conforme as dinâmicas livres e libertadoras do caminho, conforme as narrativas dos evangelhos, nas quais o único convite que existe é para se “seguir” a Jesus. Uma Reforma é ainda “remendo de pano novo em veste velha”. Buscar reformar o Cristianismo é uma nobre idealização do “Coisa-ruim”, pois, assim sendo, nada muda, mas apenas se adia o comprometimento radical que o Evangelho demanda. O Cristianismo é uma tentativa vitoriosa do “Coisa-ruim” quanto a tentar diminuir a loucura da pregação e o escândalo da Cruz. O Cristianismo é a cooptação feita culturalmente pelos gregos e politicamente pelos romanos, daquilo que um dia havia sido apenas o Caminho, conforme o livro de Atos dos Apóstolos.


No Cristianismo Deus tem Seus representantes fixos e certos na terra—o clero, seja ele Católico ou Protestante—, tem Suas doutrinas e Dogmas escritos por concílios de homens patrocinados por reis, e tem na sabedoria deste mundo seu instrumento de elaboração de Deus: a teologia. No Cristianismo Deus é objeto de estudo e de sistematização teológica; e, de fato está a serviço de ideologias variadas. Desse modo, no Cristianismo, “Deus” não passa de uma Potestade religiosa e de um poder mantido pelos homens, posto que se crê que sem o Cristianismo e a Igreja, Deus está perdido no mundo. Ora, que reforma há a ser feita naquilo que não deveria jamais ter existido?


De fato, a coragem que se demanda desta geração é bem maior do que aquela que fez com que camponeses oprimidos pelo papado de Roma tiveram que ter a fim de iniciar a Reforma. Digo isto porque ‘ali’ a mudança não era radical. A Reforma arrancou os ídolos do lugar do culto, e os retirou da devoção dos fiéis; aboliu o papado, acabou com boa parte do clero conforme a formatação católica, e afirmou que a Graça, Cristo, a Escritura e a Fé eram os ‘pilares’ sobre os quais a “igreja” deveria ter seus fundamentos. No entanto, a Reforma não se viu livre das técnicas gregas de ‘fazer teologia’ e suas sistematizações, e nem abriu mão do logicismo grego, antes utilizando-se dele a fim de criar seus próprios credos, dogmas, doutrinas e leis morais.


A Reforma é um Catolicismo que fez Dieta. Só isso. Todavia, a coragem revolucionária que o Evangelho demanda de cada geração a fim de viver o continuo processo de conversão e de não conformação com este mundo, é aquela que se lança ao vento, e caminha pela fé, e que se dispõe a se deixar reinventar conforme o espírito do Evangelho, posto que o Evangelho não propõe uma religião, mas o Caminho. Ora, isso significa que cada nova geração tem que ter a coragem de vestir o Pano Novo do Evangelho no seu tempo e beber o Vinho Novo do Reino em odres novos conforme a atualização que o espírito do Evangelho faz de si mesmo em cada nova era na existência dos humanos.


O Cristianismo não acabará. Ninguém tem o poder humano para acabar uma confraria moral e religiosa movida por tantos e tão variados interesses humanos e mundanos como o é o que acontece com a religião cristã. Eu, de mim mesmo, e apenas tomando a liberdade de pensar e crer que o Evangelho me concede, acredito que se há de haver um “anti-cristo” humano na terra, sem dúvida, ela será “cristão”. Afinal, eles “procedem do meio de nós”; e, historicamente, nada significou um estelionato mais sutil e maligno do que a perversão do Evangelho no Cristianismo.


O Brasil está cheio de Cristianismo, e, paradoxalmente, morto do Evangelho. “Coisa-ruim” e “Pé-de-cabra” estão de férias, aproveitando que o trabalho deles já tem muitos e muitos voluntários em pleno engajamento, e trabalhando com toda avidez, dizendo que o que realizam é em nome de Deus, sem saberem que fazem a vontade do “Coisa-ruim”.

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O sr. poderia propor uma "agenda mínima" de uma, digamos, Nova Reforma?


Resposta:

Conforme eu disse, não creio em Reformas. Creio, sim, numa Revolução do Evangelho, a qual, só incluirá os cristãos se eles tiverem a coragem de desistir do Cristianismo e abraçar o supremo, porém, seguro risco de apenas andar conforme a revelação da Graça de Deus em Cristo, conforme a Palavra do Evangelho.


A Revolução do Evangelho não se atém a nenhuma preocupação com construção de nada. De fato, o grande problema sempre teve a ver com a necessidade de segurança que as pessoas dizem precisar—o que a religião ficticiamente oferece—; e que é o que as impede de apenas andarem pela fé no que Jesus já fez e consumou por todos os homens. Assim, o que se demanda é coragem para desconstrução, visto que a promessa é que o próprio Espírito sempre haverá de nos conduzir a toda a verdade. Isso quando se anda apenas pela fé.


A Reforma elegeu elegeu 95 teses e 4 pilares fundamentais; a saber: Cristo, a Escritura, a Graça e a Fé. No entanto, isso ainda é vício grego e prevalência das sistematizações doutrinárias contra o espírito do Evangelho. Estou convencido de que a única mensagem que existe em Jesus é acerca da Graça eterna de Deus. Minha convicção pessoal também é que onde quer que o Evangelho se transforme numa fé doutrinária, ali ele morre...


Se queremos algo de verdade e sério, temos que saber que isso demandará de nós uma volta humilde e sem tradições para a Palavra, isso a fim de sermos completamente lavados das tinturas com as quais o Cristianismo pintou a fé para nós. Quando se diz que Cristo, a Escritura, a Graça e a Fé são o nosso fundamento, isso soa belo, mas ainda é perversão. Na realidade o fundamento é Cristo, e os Apóstolos e Profetas são fundamento apenas na medida em que dão testemunho do espírito de Jesus e da Graça. Criar uma doutrina da salvação e que tenha a ver com aquilo que o homem possa fazer em obediência a uma doutrina escrita e sistematizada por homens, é blasfêmia.


Cristo é tudo! É a partir de Jesus que a Escritura toda tem que ser lida. E tudo aquilo que nela (na Escritura) não der testemunho do Evangelho—segundo os evangelhos, Paulo e o escritor de Hebreus—, é algo a ser considerado como tendo se tornado obsoleto. Assim, não basta que se tenha a Escritura nas mãos e sendo objeto de estudo. Isso porque a Escritura, quando lida pelas mediações doutrinarias de nossos doutores e mestres, não promove o Evangelho, mas tão somente a Lei Moral e os Dogmas inventados pelo Cristianismo. Quando, porém, a Escritura é lida a partir dos ensinos, dos feitos e dos modos de Jesus, então ela pode ser útil. Quando, porém, ela é algo que ‘contém também Jesus’, estabelece-se a tragédia. Digo isto porque desde a Encarnação a Escritura perdeu seu poder de dizer “como”, posto que é em Jesus que a Escritura se explica em sua síntese e suma.


Jesus é a Chave Hermenêutica de tudo, incluindo a Escritura. As implicações do que estou dizendo, todavia, promovem desconstruções profunda demais; e, eu, pessoalmente, não acredito que esses que se acostumaram ao vinho velho, jamais dirão que o novo é melhor. Sei que o que digo é verdade segundo o Evangelho, mas também sei que tal fé é incompreensível pelas mentes viciadas no Cristianismo; e sei que é desinstaladora demais para aqueles que vivem do negócio clerical cristão.


Quanto a uma possível agenda para uma “Nova Reforma”, sinceramente, se eu sucumbisse à tentação de oferece-la, já estaria sucumbindo à tentativa grega de sistematizar o não-sistematizável. O que creio é que há um Basta de Deus em processo de eco no ar... O reino é Dele. A Igreja é Dele. O Povo é Dele. E Ele mesmo haverá de nos surpreender.


Quem, porém, desejar o Novo, então, se desejar ajudar, que não faça mais nenhuma barganha com a religião cristã, e, em contrapartida, que se entregue de coração ao Evangelho de Jesus, e que viva conforme a simplicidade da fé que confia que ‘tudo está feito’, e que não sobrou tarefa complementar e vicária a ser realizada por mais ninguém, nem pela igreja. Desse modo, sei que sou uma voz solitária no deserto. Aliás, no que diz respeito a dizer o que digo, outros também o dizem, a diferença é que dizem e não fazem. Na hora em que milhares e milhões que assim crerem passarem a viver livres conforme o Evangelho, então, sem pai, sem mãe e sem fundador, a revolução se estabelecerá, sem sede, sem geografia, sem dono, sem tutor, e sem reguladores da fé.


Isso, todavia, só será real e genuíno se Jesus for tudo, e o espírito do Evangelho da Graça for a única lei da vida. Bem, vou ficando por aqui. Quem quiser saber se o que digo é verdade, então pratique, e logo verá que o que digo não é uma teoria da revolução, mas sim o próprio espírito do Evangelho. Além disso, creio que meu site é um bom guia do que creio e ensino a esse respeito.


Caio

QUEM É E QUEM NÃO É DO "CAMINHO DA GRAÇA"


O “Caminho da Graça” não existe, a menos que você o torne existente para você.

Tem gente que pensa que existe algo real com o nome de “Caminho da Graça”. Não. Tal coisa não existe. E jamais deixarei que exista.


Existe uma nomenclatura dada a um movimento de busca da simplicidade do Evangelho, o qual, entre nós, circunstancialmente, se chama “O Caminho da Graça”.

Mas não existe nada como as mulheres do “Caminho da Graça”, os adolescentes do “Caminho da Graça”, os jovens do “Caminho da Graça”, ou mesmo os mentores do “Caminho da Graça”.

Temos reuniões para gente: homens, mulheres, crianças, jovens, adolescentes e até para os adultos que se sentem eternamente meninos. Mas participar do grupo não faz da pessoa uma pessoa do “Caminho da Graça”, a menos que ela viva o Evangelho.

No “Caminho da Graça” somente é quem é; quem não é… pode freqüentar, estar em todas, mas não é.

Sim! Pois no “Caminho da Graça” apenas se dá valor ao que a pessoa faça de uso do bem do Evangelho para ela. Se fizer…, está no “Caminho da Graça”, se não fizer... pode fazer o que desejar, mas não é e não está no “Caminho da Graça”.

É por isto que não temos “membros”, nem “oficiais”, nem coisa alguma que dê à pessoa a ilusão de que por ter uma função oficial, isto faça dela uma pessoa especial.

Perguntam-me:

“Fulano é do “Caminho da Graça”?”

Respondo:

“Não sei. É?”

Então afirmam:

“É sim. Tá lá todo domingo!”

Respondo:

“O diabo também”.

Retrucam:

“Mas a pessoa da qual falo é de lá sim; diz que é seu discípulo e defende você em tudo!”

Respondo:

“Defender-me não o torna do “Caminho da Graça”. Ele será do “Caminho da Graça” apenas se andar com Jesus, o Caminho. No “Caminho da Graça” não temos ninguém que seja do “Caminho da Graça” apenas porque apareça, goste ou freqüente”.

Temos uma reunião ou mais. O nome do ajuntamento desses discípulos é “Caminho da Graça”. Mas o nome somente será mais que um nome se a pessoa viver o Caminho de Jesus, abraçar o Evangelho. Do contrário, é apenas uma pessoa freqüentando um ambiente no qual o Evangelho é pregado; embora a pessoa não seja do “Caminho da Graça”, a menos que se faça um ente de tal realidade pela simples seriedade com a qual trate o Evangelho em sua vida.

Assim, quando me dizem:

“Os jovens do “Caminho da Graça” ou os adolescentes do “Caminho da Graça” estão fazendo besteira”, eu digo:

“O Caminho da Graça” não tem a paternidade de ninguém. O “Caminho da Graça” não adota pessoas; pessoas é que adotam o “Caminho da Graça” quando se tornam discípulas de Jesus. Enquanto obedecerem ao Evangelho serão do “Caminho da Graça”, mas no dia em que desistirem do Evangelho como bem para as suas próprias vidas, nesse dia já não serão do “Caminho da Graça”.”

Por isto, no “Caminho da Graça” ninguém disciplina ninguém se você entender por disciplina aquilo que as “igrejas” fazem: afastar o membro.

No “Caminho da Graça” ninguém afasta ninguém, as pessoas se afastam quando não suportam mais o Evangelho.

E quando há dos que não assumem e nem se afastam, nada muda, pois, tem-se apenas uma pessoa ouvindo o Evangelho, e, em mim, sempre há a esperança de que a pessoa se converta.

O “Caminho da Graça” não assume nenhum papel de Xerife, ou de pai, ou mãe, ou de “igreja”; ou seja: de superego dos crentes!

No “Caminho da Graça” quem, sendo filho, tem pai e mãe, o “pastor” de tal pessoa jovem será o pai ou a mãe.

Ninguém é chamado para se explicar. A vida da pessoa a explica todo dia, para o bem e para o mal.

No máximo o que se faz é, ao se ver que uma pessoa não está andando conforme o Evangelho, apenas pedir que ela dê um tempo nas atividades publicas à frente de eventos ou coisas relacionadas ao “Caminho da Graça”, mas se insta com ela para que fique exposta à Palavra.

“O Caminho da Graça” apenas tem duas instancias de manifestação; uma grupal e densa e outra individual; ou seja: as reuniões do grupo e as ações dos indivíduos comprometidos com o Evangelho.

Não queremos ser uma comunidade/clube, na qual os membros se sintam pertencendo ao grupo.

No “Caminho da Graça” apenas queremos que as pessoas se exponham ao Evangelho. Se andarem juntas por gostarem da companhia umas das outras, que façam bom proveito. Mas não é por isto que se tornam mais do “Caminho da Graça” do que quem apenas ouve a Palavra e faz bom proveito dela em sua vida, sem jamais querer sair para comer uma pizza depois da reunião, que pode até ter sido “um culto”, no caso de todos os que dela participem tenham adorado a Deus em espírito e em verdade, no ato de cultuarem juntos.

Assim, um monte de adolescentes que andem pelas reuniões do “Caminho da Graça” não são os “Adolescentes do Caminho”, mas apenas um grupo de meninos que aparecem nas reuniões do “Caminho da Graça”.

Os do “Caminho da Graça” são os que, pela vida, confessam Jesus e o Evangelho. Os que assim não fazem são apenas pessoas que aparecem aos encontros, mas que nada fazem do bem do Evangelho em suas vidas; portanto, andam nas reuniões do “Caminho da Graça”, mas ainda não estão no Caminho.

Assim, no “Caminho da Graça” ninguém é a menos que seja; pois, se não for, não se tornará por nada neste mundo.

“O Caminho da Graça” não é um ajuntamento, antes de ser um conceito: O Evangelho.

Meu compromisso é apenas pregar sem falsificação o Evangelho. O que fazem com o que prego é decisão de cada um. Eu, todavia, não tenho membros e nem oficiais, pois, entre nós, só é oficial aquilo que se torna vivo pelo Evangelho todos os dias, e só é membro quem serve o próximo, não quem dá o dízimo ou vira bucha de reuniões sem sentido... para a pessoas que aparecem sem saber nem bem a razão.

Desde que “O Caminho da Graça” iniciou aqui em Brasília, e, depois, pelo Brasil e até em outros paises, já recebi cartas de pessoas me cobrando algo sobre o comportamento de alguém ou alguns que dizem ser do “Caminho da Graça”.

Minha resposta é sempre a mesma:

“Ele pode até freqüentar as reuniões, mas não é do Caminho, pois, no “Caminho da Graça” só é verdade o que for verdade em Jesus, o que não for, não faz ninguém se tornar do “Caminho da Graça”.

No Caminho de Jesus só é quem se faz ser todos os dias!

Quando você vir alguém se jactando que é do “Caminho da Graça”, não creia nele. Quem é do Caminho não se jacta de nada, apenas serve sem questões e sem argumentos.

Quando você vir alguém se dizendo do “Caminho da Graça” ao mesmo tempo em que negue o Evangelho na prática da vida, pode dizer: “Você freqüenta as reuniões do grupo o “Caminho da Graça”, mas você não é do “Caminho da Graça”, posto que não haja graça em seu caminhar”.

Perguntam-se:

O “Caminho da Graça” tem membros?

Respondo:

“Tem todos os que andam com Jesus segundo a simplicidade do Evangelho. Esses são os membros se forem membros do Corpo de Cristo, manifestando isso pela adesão de discípulo a Jesus”.

No dia em que se fizer a “conta” de quantos sejam os membros do “Caminho da Graça”, nesse dia o “Caminho da Graça” acabou.

A permanecia do “Caminho da Graça” dependerá totalmente de sua coragem de total impermanência.

Um grupo de gente que freqüenta o “Caminho da Graça” é apenas um monte de gente que freqüenta o “Caminho da Graça”.

Se estiverem fazendo o que é bom, bom será o que fizeram. Se estiverem fazendo o que é mal, mal será o que fizerem.

Simples assim.

Se passar disso, saiba: não é o “Caminho da Graça”; pois, entre nós tal é radicalidade existencial anunciada; se for, é; se não for, não é.

O resto é o velho fantasma da “igreja” assombrando os crentes ainda viciados em pertencer sem ser.

Ou então é o ardil de sempre do diabo, estimulando o individuo a pertencer [como se fosse possível] sem se tornar.

Em Jesus quem é, é; quem não é, não é.

É assim que é com Jesus. Por que deveria eu adotar outro critério?

Jamais!

Afinal, no “Caminho da Graça” não vale tudo e não vale nada, pois, só vale o Evangelho.

Assim, quem ama Jesus e anda no Evangelho, esse é do “Caminho da Graça”. Mas quem apenas acha legal ou pensa que vale tudo, esse saberá que no “Caminho da Graça” as coisas são ainda mais estreitas, pois, não se tem a ilusão nem dos números e nem dos membros...; posto que apenas sejam do “Caminho da Graça” os que sejam do único Caminho de Vida, Jesus.

Perguntam-me:

“No “Caminho da Graça” vale tudo?”

Respondo:

“Não! No “Caminho da Graça” só vale o que seja Evangelho; pois, o que não for... para nós não vale nada!”

Portanto, só é membro do “Caminho da Graça” quem se fizer ramo da Videira por conta própria, único modo de alguém se tornar ramo da Videira Verdadeira,





Nele,



Caio

25 de março de 2009

Lago Norte

Brasília

DF